Dia Nacional da Parteira

Exposição busca preservar trabalho das parteiras tradicionais em PE

Mariana
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Publicado em 20/01/2017 às 13:31
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Imagem de Dona Prazeres, parteira que mora em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife / Foto: Eduardo Queiroga/divulgação

Imagem de Dona Prazeres, parteira que mora em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife Foto: Eduardo Queiroga/divulgação

Elas existem desde que "o mundo tem gente" e até hoje ajudam mulheres em um dos momentos mais importantes de suas vidas: parir. Apesar de muitos acreditarem, principalmente quem mora nos grandes centros urbanos, que as parteiras tradicionais não existem mais, há milhares no mundo e no Brasil, atuando principalmente em cidades rurais, ribeirinhas, indígenas, quilombolas ou aonde os serviços de saúde do governo não chegam. 

Sem cobrar pelo trabalho, elas costumam caminhar horas por estradas de barro ou atravessar rios para chegar até a gestante em trabalho de parto. Também há mulheres, que mesmo com acesso aos hospitais, escolhem que seus filhos virão ao mundo pelas mãos de uma parteira. Nesta sexta-feira, 20 de janeiro, é celebrado o Dia da Parteira Tradicional, instituído em 2015 através da Lei 13.100/15, como reconhecimento da importância delas para o País. 

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Varal de fotografias da exposição na área externa no Museu do Homem do Nordeste - Mariana Dantas/NE10
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Mostra também busca retratar o cotidiano das parteiras - Mariana Dantas/NE10
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Fotografias das parteiras durante caminhada até as gestantes - Mariana Dantas/NE10
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Sala que retrata a casa das parteiras do Estado - Mariana Dantas/NE10
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Material utilizado nos partos - Mariana Dantas/NE10
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A exposição também conta com depoimentos das parteiras em vídeo - Mariana Dantas/NE10
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Ervas medicinais - Mariana Dantas/NE10
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Kits distribuídos pelo Governo Federal para as parteiras - Mariana Dantas/NE10
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Fotos de parteiras de várias regiões de Pernambuco - Mariana Dantas/NE10
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Sala da exposição - Mariana Dantas/NE10

"Além da importante atuação na saúde de crianças e mulheres, as parteiras tradicionais representam parte do patrimônio imaterial brasileiro. Possuem um conhecimento vasto sobre parto e plantas medicinais, resultado da nossa rica diversidade cultural. Isso precisa ser preservado e valorizado", afirma a antropóloga Julia Morim, do Instituto Nômades, ong que desenvolveu a pesquisa "Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco". Em 2008, a pesquisa entrevistou 225 parteiras de seis municípios pernambucanos. O resultado desse trabalho pode ser conferido na exposição “Museu da Parteira: acolhimento, resistência e visibilidade", em cartaz no Museu do Homem do Nordeste, no bairro de Casa Forte, no Recife. 

Para a realizar a mostra, o Instituto Nômades contou com a parceria do Grupo de Pesquisa Narrativas do Nascer, do Departamento de Antropologia e Museologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e da ong Grupo Curumim. "Como tínhamos muito material, realizamos a exposição fotográfica itinerante “Parteiras - Um Mundo pelas Mãos”, que circulou nos municípios onde fizemos a pesquisa. A ideia de criar um “museu” surgiu das próprias parteiras, que demonstraram o desejo de ter sua história preservada. A criação do museu ainda está em construção, não sabemos se será em um espaço físico ou virtual, mas tudo começa com essa nova exposição ", explica Julia.

Além das imagens da exposição itinerante, assinadas pelo fotógrafo Eduardo Queiroga, a mostra "Museu das Parteiras: acolhimento, resistência e visibilidade" conta com relatos de conhecidas parteiras tradicionais do Estado, objetos e ervas medicionais utilizados por elas durante o parto.  Um dos ambientes busca retratar como é a casa dessas mulheres, a maioria idosas e que ao longo dos anos conquistou o respeito e admiração das comunidades onde residem. 

Atividade da parteira não é regulamentada no Brasil

Apesar da data comemorativa e de alguns programas já realizados pelo Governo voltados para as parteiras, como capacitações e distribuição de kits com materiais usados nos partos, a atividade não é regulamentada no Brasil. Um projeto de lei (n. 359/2015) proposto pela deputada Janete Capiberibe (PSB/AP), tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília, mas desde julho do ano passado está em análise na Comissão de Seguridade Social e Família.  De acordo com o texto do projeto, compete às parteiras tradicionais assistir a gestante durante o pré-natal e parto natural. Para exercerem essas atividades, elas deverão concluir curso de qualificação e ter a supervisão de um profissional de unidade saúde sempre que possível ou em caso de necessidade.

NÚMEROS -  Ainda não existe um levantamento oficial unificado sobre o número de parteiras no Brasil, mas há levantamentos individuais dos governos estaduais. Segundo dados de 2011 (mais recente) do Sistema Informatizado de Cadastro de Parteiras Tradicionais, da Secretaria Estadual de Pernambuco, dos 185 municípios do Estado, 71% (131) declararam ter parteiras em seu território. O total de parteiras tidas como tradicionais corresponde a 853, sendo 755 (88%) na Zona Rural, 58 (7%) na Zona Urbana e 40 (5%) trabalham na Zona Rural e Urbana.

 

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