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Livro e loja online estão nos planos da ilustradora Carol Rossetti

Isabelle Figueirôa
Isabelle Figueirôa
Publicado em 18/07/2014 às 17:35
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A ilustradora mineira Carol Rossetti caiu nas graças de mais de 111 mil internautas  / Foto: arquivo pessoal

A ilustradora mineira Carol Rossetti caiu nas graças de mais de 111 mil internautas Foto: arquivo pessoal

A designer e ilustradora mineira Carol Rossetti, de 26 anos, formada em design gráfico pela Universidade FUMEC, em BH, caiu nas graças de mais de 111 mil internautas com seus desenhos de conotação feminista. Ela pretende expandir seu trabalho e editar um livro, além de inaugurar uma loja virtual para vender quadros e postais. Por e-mail, ela falou sobre a repercussão das ilustrações na internet, suas inspirações e objetivos.

NE10 - Como surgiu a ideia de fazer essas ilustrações?
CR - É um projeto muito pessoal. No início, era só uma forma de treinar minha técnica com lápis de cor e dizer alguma coisa legal para os meus amigos, que eram os únicos que acompanhavam minha página. O projeto cresceu muito.

Carol Rossetti encontrou no desenho uma maneira de combater o machismo / Foto: Divulgação

NE10 - Como você enxerga essa repercussão do seu trabalho?
CR - Eu fiquei impressionada! Primeiro, porque nunca esperei essa repercussão. Segundo, porque percebi que algumas questões que eu achava que eram muito mais pertinentes à realidade brasileira são também muito relevantes em muitos outros países. Esses pequenos (ou grandes) preconceitos cotidianos são comuns em muitos lugares, e muita gente se sente profundamente incomodada com eles.

NE10 - Em quem você se inspira para criar essas personagens?
CR - Todas as personagens são fictícias (ou quase todas), mas todos os casos são reais. São coisas que aconteceram comigo, com pessoas que eu conheço, com gente que me sugeriu temáticas pela internet...

Já optei por trocar de roupa antes de sair de casa quando lembrei que ia passar na frente de uma borrachariaCarol Rossetti


NE10 - Você já sofreu algum tipo dos preconceitos retratados nos seus desenhos?

CR - Com certeza. Todos os desenhos, na verdade, falam sobre as formas de controle da sociedade sobre o corpo, a identidade e o comportamento das pessoas. Isso acontece o tempo todo, com toda mulher (embora não apenas com mulheres), inclusive comigo. Um exemplo clássico é o das cantadas de rua. Já optei por trocar de roupa antes de sair de casa quando lembrei que ia passar na frente de uma borracharia onde já tinha sido abordada dessa forma algumas vezes.

NE10 - Qual o principal objetivo deste trabalho?
CR - Acho que eu tenho dois grandes objetivos principais. O primeiro seria despertar empatia nas pessoas, sejam homens ou mulheres. Todo mundo quer e deve ser respeitado. O segundo seria melhorar a questão de representação das pessoas. Infelizmente, muita gente ainda é invisível na sociedade. Onde estão as pessoas com deficiência física? Por que pessoas em cadeira de rodas só aparecem se falarmos de cadeira de rodas? Pessoas com nanismo são mostradas sempre de forma cômica, quase como se fossem uma espécie diferente da humana em um filme de fantasia. Outro dia passei em uma banca e não vi nenhuma revista com uma pessoa negra na capa. Onde estão as pessoas trans? Tem gente pela internet dizendo que tem nojo de pessoas gordas. Será que isso não é incentivado através da forma com que pessoas gordas são representadas pela mídia? Há anos as mulheres são hiper sexualizadas e objetificadas na publicidade. Nada disso deveria ser naturalizado e visto como ok. Não está ok.

NE10 - Você pretende expandir esse projeto? Há ideia de transformá-lo em livro?
CR - Sim, pretendo lançar um livro com este meu trabalho, e em breve vou montar uma loja online onde venderei quadros e postais.

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