Bélgica

Mostra inédita reúne 'arte degenerada' leiloada por nazistas

Amanda Duarte
Amanda Duarte
Publicado em 26/11/2014 às 12:45
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Cerca de 7 mil obras foram confiscadas dos museus alemães / Foto: BBC Brasil/Reprodução

Cerca de 7 mil obras foram confiscadas dos museus alemães Foto: BBC Brasil/Reprodução

Uma exposição na Bélgica reúne pela primeira vez em uma mostra quadros de "arte degenerada" que foram leiloados pelo regime nazista na Suíça em 1939.

Antes mesmo do início da Segunda Guerra Mundial em 1939, o líder alemão Adolf Hitler já tinha ordenado o confisco de cerca de sete mil obras de arte moderna - a própria expressão de arte moderna foi proibida pelo regime nazista.

Para o líder nazista, a arte deveria servir para exaltar exclusivamente a "beleza" e "superioridade" da raça ariana. Não eram toleradas representações subjetivas, abstratas ou de temas como sensualidade, prostituição, miséria, morte e solidão.

Mas esse critério de seleção nunca foi claro, de acordo com Jean-Patrick Duchesne, professor de história da arte e curador da exposição 'A Arte Degenerada de Acordo com Hitler', no centro cultural La Cité Miroir, em Liège.

"Há muitas ambiguidades e contradições em torno do conceito de 'arte degenerada'. Não há unanimidade a respeito dentro do regime (nazista)", explica. Duchesne ressalta que a maioria das obras confiscadas foi conservada.

Em junho de 1939, especialistas contratados pelos nazistas selecionaram 108 quadros e 17 esculturas de "arte degenerada" considerados os mais valiosos para serem vendidos em um leilão na cidade suíça de Lucerna. O objetivo da venda era arrecadar recursos adicionais para financiar a política de expansão nazista.

O lote incluía telas assinadas por mestres do expressionismo, como Paul Gauguin e Vincent Van Gogh; impressionistas alemães como Lovis Corinth e Ewald Mataré; e membros da renomada Escola de Paris, como Marc Chagall, Henri Matisse e Pablo Picasso.

Segundo o curador da exposição, os artistas mais visados na campanha para expor a "arte degenerada" eram os que vinham de países em que se falava alemão, como o alemão Max Liebermann, o austríaco Oskar Kokoschka e os suíços Cuno Amiet e Paul Klee,

A mostra em Liege, aberta até 29 de março de 2015, reúne 30 telas desse leilão histórico, provenientes de coleções públicas e privadas de diversas partes do mundo, além de documentos de época evocando o contexto do episódio.

Confira algumas obras expostas:

Museu de Belas Artes de Liege/Reprodução
Um dos artistas visados por Hitler foi o impressionista alemão Lovis Corinth - Museu de Belas Artes de Liege/Reprodução
Museu de Belas Artes de Liege/Reprodução
Entre as telas proibidas destacam as assinadas por artistas de países germânicos, como ‘Cavaleiro na Praia’, do alemão Max Liebermann - Museu de Belas Artes de Liege/Reprodução
Museu de Belas Artes de Liege/Reprodução
Em 1939, um lote de telas foi selecionado para um leilão para financiar a expansão nazista - Museu de Belas Artes de Liege/Reprodução
Museu de Belas Artes de Liege/Reprodução
‘A Arte Degenerada de Acordo com Hitler’ reúne 30 telas, inclusive esta de Paul Gauguin - Museu de Belas Artes de Liege/Reprodução

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