Ditadura no palco

História de Soledad Barret é contada no Hermilo Borba Filho

Germana Macambira
Germana Macambira
Publicado em 04/09/2015 às 15:26
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 / Foto: Flávia Gomes/Divulgação

Foto: Flávia Gomes/Divulgação

A história de vida de Soledad Barret, uma militante paraguaia de esquerda, assassinada em Pernambuco durante o período do Regime Militar. Esse é o resumo do monólogo Soledad - A Terra é Fogo Sob Nossos Pés em cartaz até o dia 20 de setembro no Teatro Hermilo Borba Filho. A montagem é encenada pela atriz pernambucana Hilda Torres. A direção é de Malú Bazán. O ingresso custa R$ 30 (inteira).

O espetáculo - do grupo Cria do Palco - resgata a trajetória de Soledad após 42 anos de sua morte, através de um monólogo poético com referências ao período atual da política do País.

"Falar sobre Soledad é falar de um pedaço de todo nós que nos impulsiona diariamente a enfrentar, resistir, sme nunca abrir mão do brilho nos olhos ao imaginar um mundo melhor com direitos iguais para todos e todas na compreensão das nossas diferenças", comentou Hilda que começou a pensar na montagem depois de ter sido presenteada por um amigo com o livro Soledad no Recife, escrito por Uraniano Mota em 2014.

Uma série de pesquisas deu início ao trabalho de idealização da peça, que incluiu busca de documentos, entrevistas com ex-presos políticos e parentes de pessoas desaparecidas durante a ditadura brasileira.

 

SOBRE SOLEDAD 

Militante paraguaia da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Soledad foi sequestrada aos 17 anos por um grupo de neonazistas que exigiram que ela falasse a frase 'viva Hitler'. Como ela se negou eles deixaram, em suas pernas, suásticas nazistas e, a partir daí, ela decidiu encarar a luta politica.

Conhecida por levantar a bandeira entre as nações de que "a pátria não é só lugar', ela passou a integrar um movimento que tinha como plano a invasão do Paraguai. Não deu certo a empreotadas e ela seguiu para Cuba e ficou treinando na luta armada.

Foi em Cuba que ela conheceu o brasileiro José Maria Ferreira de Araújo, militante da VPR que estava exilado na Ilha. Ele retornou ao Brasil e Soledad veio depois. Chegando aqui soube que ele havia sido capturado e morto. Eis mais um impulso para que ela continuasse na luta contra as ditaduras nos países latino-americanos. 

Foto: Flávia Gomes/Divulgação

A militante se aproximou do cabo Anselmo, que acabou se transformando em seu novo companheiro. Ele era apontado como um dos líderes do protesto de marinheiros de 1964. Nas décadas de 1960 e 1970 eçe integrou o movimento de resistência à ditadura e atuou como colaborador do regime militar. 

Mas o cabo Anselmo, na verdade, era um agente policial infiltrado e foi ele quem entregou o esconderijo dos membros do VPR no Estado. Por lá estava escondida Soledad e se dizia, na época, que ela estava esperando um filho dele.

De acordo com a versão oficial os militantes foram assassinados a tiros em uma chácara. Episódio chamado pelo jornalista Elio Gaspari, em seu livro A Ditadura Escancarada, como "uma das maiores e  mais crueis chacinas da ditadura".

 

 

 

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