Renovação

Menina de 13 anos faz ilustrações inspiradas em Xilogravuras no Recife

Ingrid Cordeiro
Ingrid Cordeiro
Publicado em 03/02/2017 às 9:49
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Louane Martins faz desenhos inspirados numa arte genuinamente nordestina: a xilogravura. / Foto: Reprodução / Instagram

Louane Martins faz desenhos inspirados numa arte genuinamente nordestina: a xilogravura. Foto: Reprodução / Instagram

No bairro de San Martin, na Zona Oeste do Recife, mora uma garota de 13 anos que faz desenhos incríveis inspirados numa arte genuinamente nordestina: a xilogravura. Louane Martins já desenhava há dois anos, mas se perdia em meio a rostos de youtubers e modelos, até que uma visita ao ateliê do famoso xilogravurista, J. Borges, a fez repensar o estilo.

“Foi em uma excursão da escola que o conheci. Visitamos o memorial há dois anos e ele tava lá. Como eu era menor, não lembro ao certo, mas me recordo que a partir da visita eu senti minhas raízes”, explica Louane. A literatura de cordel, inclusive, é onde muitas das xilogravuras aparecem. A arte consiste em talhar na madeira um estilo de desenho característico, que depois é prensado na folha e forma a ilustração de vários cordéis em todo o Nordeste.

 

A menina começou a fazer as ilustrações na prática há mais ou menos cinco meses e deixou de lado as inspirações gerais para focar em algo mais regional. “Fiz meu primeiro trabalho desenhando Ariano Suassuna e depois os atores de Velho Chico. Para começar, os desenhos eram feitos com piloto de quadro branco e corretivo”, conta Louane Martins.

Hoje, ela divulga sua arte no instagram e já ultrapassou o limite do papel, fazendo ilustrações em materiais como colheres de pau, tábua de madeira, tela e até nas paredes. “Já ganho algum dinheiro fazendo encomendas, em que o preço depende mais do que o cliente quer”, diz a garota. A tinta usada para perpetuar a arte é importada e comprada no centro do Recife.

 

Renovação da Xilogravura no Nordeste

Para o artista que inspirou Louane a ilustrar a Xilogravura a arte têm atraído a atenção das pessoas. “Atualmente o povo está até se interessando”, diz J. Borges de seu Memorial na cidade de Bezerros, agreste pernambucano.

Segundo ele, mesmo com o interesse é imprescindível que a Xilogravura seja original. “O que mais acontece é gente que não sabe fazer nada e eu acharia melhor que as pessoas fizessem por elas mesmo”, comenta o xilogravurista.

Para Louane Martins, menina da capital, também é importante que a arte seja mais apresentada aos jovens. ”O artista não tem muito incentivo e eu acho que não há muitos xilogravuristas porque os jovens não se interessam muito pela arte nordestina. Até eu mesma há alguns anos atrás fazia desenhos de moda e rostos”, critica a menina.

Para resolver a questão, Louane tem o intuito de um dia ensinar a arte para outros. “Eu quero ajudar outras crianças a aprenderem a arte da xilogravura e manter viva a cultura nordestina”, sonha a também criança.

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