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O patrimônio histórico está entre nós

Por Eduardo Gazal
Por Eduardo Gazal
Publicado em 17/08/2016 às 16:18
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Louça inglesa é patrimônio histórico / Foto: Eduardo Gazal

Louça inglesa é patrimônio histórico Foto: Eduardo Gazal

Em 1937, durante o governo do Presidente Getúlio Vargas, foi criado o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), orgão que protege e preserva os bens culturais do país. Para está coluna vou mostrar algumas peças de louça inglesa, com mais de oitenta anos, que constituem patrimônio da família de Thereza Soares da Silva.

Há muito tempo que namoro o conjunto completo dessa louça inglesa, que está totalmente preservado. Acho que hoje é o dia perfeito para apresentá-lo a vocês. Para entender o significado de patrimônio cultural, pesquisamos na publicação de 2007 da autora Natália Guerra Brayner. Abaixo algumas informações úteis aos interessados pelo tema:

 

Patrimônio de quem para quê?

O patrimônio cultural de um povo é formado pelo conjunto dos saberes, fazeres, expressões, práticas e seus produtos, que remetem à história, à memória e à identidade desse povo. A preservação do patrimônio cultural significa, principalmente, cuidar dos bens aos quais esses valores são associados, ou seja, cuidar de bens representativos da história e da cultura de um lugar, da história e da cultura de um grupo social, que pode, (ou, mais raramente não), ocupar um determinado território.

Trata-se de cuidar da conservação de edifícios, monumentos, objetos e obras de arte (esculturas, quadros), e de cuidar também dos usos, costumes e manifestações culturais que fazem parte da vida das pessoas e que se transformam ao longo do tempo, a um grupo, ou a um lugar, contribuindo para a ampliação do exercício da cidadania e para a melhoria da qualidade de vida. A idéia de patrimônio não está limitada apenas ao conjunto de bens materiais de uma comunidade ou população, mas também se estende a tudo aquilo que é considerado valioso pelas pessoas, mesmo que isso não tenha valor para outros grupos sociais ou valor de mercado.

 

Foto: Eduardo Gazal

Mas como é possível saber o que é o patrimônio cultural de um grupo social, de vários grupos, de uma comunidade, de uma sociedade inteira, de uma nação? Será que tudo é patrimônio? Como é possível saber o que é tão valioso para uma sociedade que ela queira conservar para as futuras gerações? Como será que acontece essa escolha?

Vamos pensar um pouco na casa de uma pessoa: existem objetos que são considerados importantes pela família e colocados na sala de visitas de forma que todos aqueles que visitem a casa possam ver esses objetos. Um vaso é colocado sobre a mesa seja porque é considerado bonito, seja porque pertenceu aos pais ou avós do dono da casa, ou por alguma outra razão que só os moradores da casa conhecem. Às vezes, também estão expostas, em local visível, fotos de família ou de viagens realizadas pelos donos da casa, imagens que contam um pouco da vida daquelas pessoas. Muitas vezes objetos sagrados ganham destaque, como a imagem de um santo, por exemplo.

O objetivo principal da preservação do patrimônio cultural é fortalecer a noção de pertencimento de indivíduos a uma sociedade

Tudo o que se escolhe mostrar para os amigos que serão recebidos é selecionado a partir de uma história que se quer contar, da vontade de compartilhar a beleza de algum objeto, do desejo de mostrar o quão importante são determinadas crenças para as pessoas daquela casa. Dessa forma, todos os que a visitam podem conhecer um pouco melhor as pessoas que ali vivem: descobrem alguns de seus gostos, um pouco de seu passado, sobre o que acreditam.

O patrimônio cultural de uma sociedade é também fruto de uma escolha, que, no caso das políticas públicas, tem a participação do Estado por meio de leis, instituições e políticas específicas. Essa escolha é feita a partir daquilo que as pessoas consideram ser mais importante, mais representativo da sua identidade, da sua história, da sua cultura. Ou seja, são os valores, os significados atribuídos pelas pessoas a objetos, lugares ou práticas culturais que os tornam patrimônio de uma coletividade (ou patrimônio coletivo).

Fonte: Brayner, Natália Guerra Patrimônio cultural imaterial: para saber mais / Natália Guerra Brayner. __ Brasília, DF: IPHAN, 2007

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