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Tinder: um app nem tão inocente

Por Mayra Cavalcanti
Por Mayra Cavalcanti
Publicado em 20/07/2014 às 20:15
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 / Ilustração: Bruno Carvalho/NE10

Ilustração: Bruno Carvalho/NE10

Não é de hoje que a internet tem intermediado interações humanas. Nos anos 2000, a forma mais fácil de se comunicar era através de programas como os falecidos Mirc, MSN e ICQ (que agora voltou), além dos famosos bate-papos. De lá para cá, chegaram métodos mais práticos de conhecer pessoas na web, como o Tinder, aplicativo baixado por mais de 10 milhões de usuários.

O Tinder tem várias utilidades: há quem o utilize apenas para conhecer novas pessoas; outras para encontrar um rolo, casinho, boyzinho ou boyzinha; e aqueles que querem coisa séria, namorado(a) ou marido/esposa. O que muitos nem desconfiam é que o app também atrai pessoas que já estão em um relacionamento, mas que querem buscar novas pessoas para se relacionar. Conheça abaixo experiências de alguns usuários.
 
PAQUERA
Desde que ficou solteiro, o jornalista Paulo Gregório Silva*, de 23 anos, procurou uma forma de conhecer novas pessoas. Tentou sair e frequentar festas na noite recifense, mais por falta de opção do que por vontade. Foi quando conheceu o aplicativo e baixou em seu celular, em janeiro deste ano, por indicação de outros amigos.
 
E deu certo. Paulo passou a conhecer pessoas com interesses em comum e amigos de amigos. De todos os “matchs”, não saiu nenhum relacionamento, mas "duas histórias interessantes", como ele mesmo define. Em uma delas, ao conhecer um outro rapaz, em menos de 24h de conversa, o "match" de Paulo já havia sugerido para que eles morassem juntos e vivessem uma relação aberta.
 
"Quando vi para onde a conversa estava caminhando, me assustei. Comecei a dar a entender que não era aquilo que eu queria e ele acabou desistindo. Nunca mais nos falamos", conta. Na outra situação, Paulo chegou a viajar para Caruaru, no Agreste pernambucano, para conhecer um outro "match". "Foi muito legal. Nos conhecemos e tudo aconteceu naturalmente. Mas não foi para frente", lembra.
 
Para Paulo, o aplicativo é uma boa forma de conhecer pessoas diferentes, que ele nunca conheceria se não fosse através do Tinder, mas tem suas desvantagens. "Não é todo mundo que se prende a uma definição de namoro como antigamente; acho que é difícil encontrar alguém que queira algo além", completa.

 

RELACIONAMENTO
O casal formado pela funcionária pública Élida Freitas, 26 anos, e o gestor portuário Daniel Magalhães, 30, não teve dificuldade para engatar um relacionamento a partir do Tinder. Há um mês, os dois se conheceram através do aplicativo e, desde então, não se soltaram mais.

Élida conta que baixou o app por indicação de amigos, mas que logo apagou. Alguns meses depois, instalou novamente e a primeira pessoa a dar "match" foi Daniel. No mesmo dia marcaram um encontro e já passaram a sair juntos. "Para quem não gosta de balada, o Tinder é uma boa opção para conhecer gente nova. Mas a gente sempre fica com o pé atrás, pois nunca sabe ao certo com quem tá falando", relata.
 
A funcionária pública conta que, no momento em que notou que estava apaixonada por Daniel, decidiu desinstalar o aplicativo, atitude também tomada pelo namorado. "Não via porque continuar ali. Mas o Tinder me ajudou muito, pois Daniel é muito tímido e não sei se teríamos a oportunidade de nos conhecermos em alguma ocasião da vida".

O Tinder foi criado há dois anos pelos norte-americanos Justin Mateen e Sean Rad

TRAIÇÃO
Há quatro meses, o namorado de Catarina Lira*, de 28 anos, se mudava para outro continente. Sentindo-se solitária e sem ser fã de balada e barzinho, ela viu no Tinder uma boa forma de, nas suas próprias palavras, "satisfazer não só minha carência sexual, mas também de cantada".

Ela conta que, ao colocar fotos, os rapazes fazem elogios, mas ela só dá "like" naqueles que a atraem fisicamente, porque, segundo ela, não quer perder tempo com quem não a interessa.
 
"Me acostumei a estar sempre namorando, com alguém para me cortejar e me mimar. Quando ele foi embora, senti falta disso. Eu o amo muito, por isso não me envolvo emocionalmente com esses homens que encontro no Tinder", declara. Desde que seu namorado viajou, foram oito casos, frutos de conversas no aplicativo.

* - Nomes fictícios para preservar a identidade real dos entrevistados

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