Além do português

Taxista do Recife aprende 6 línguas para falar com passageiros gringos

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 30/06/2016 às 7:02
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José Cardoso conversa em inglês e "quebra o gelo" com os passageiros em francês, espanhol, italiano, alemão e até japonês / Foto: Priscila Miranda/NE10

José Cardoso conversa em inglês e "quebra o gelo" com os passageiros em francês, espanhol, italiano, alemão e até japonês Foto: Priscila Miranda/NE10

“Hello, how are you?”. É assim, perguntando como está o passageiro que acaba de embarcar em seu carro, que o taxista José Cardoso roda pelas ruas do Recife há 26 anos. Com o inglês na ponta da língua, que aprendeu estudando por conta própria e conversando com turistas estrangeiros, o profissional diminui a formalidade entre ele e o cliente, seja brasileiro ou gringo. Além do inglês e do português, José desenrola em outros idiomas, como o alemão, espanhol e até japonês.

“O meu inglês eu devo a um professor que tive na época do Ginásio [antigo ensino fundamental]. Ele viu que eu gostava do idioma e me deu a dica de contatar aqueles marinheiros que chegavam no Porto do Recife. Isso foi nos anos 70. Comecei a fazer amizade com um pessoal da França, do Japão, Nigéria, e o meu inglês eu fui praticando no dia a dia, caminhando com um grupo de cinco marinheiros no centro da cidade”, relembra o taxista.

A amizade com os marinheiros foi tão grande que alguns japoneses deram de presente ao taxista um dicionário para que ele desenvolvesse outras línguas ainda mais. “Chama-se Kiron Kaiwa, que significa conversações básicas em japonês, em inglês, francês, italiano, português e espanhol. O inglês é o mais forte pra mim, agora esses outros idiomas eu uso só as frases básicas para quebrar o gelo”, diz, humildemente, o taxista.

Professor de matemática aposentado, José viu no táxi a chance de complementar a renda familiar. Ele revela a surpresa e felicidade dos passageiros “gringos” que, ao entrar no veículo, percebem que o motorista pode conversar com eles. “Muita gente chega e fala: ‘Zé, aproveita pra explorar esses gringos. Eu falo ‘nada disso’, vou tratá-los bem, sabe por quê? Porque quando você os trata bem, eles voltam”, ensina.

Sem nunca ter saído do Brasil, o taxista revela que o contato com o exterior, além das conversas dentro do táxi, aconteceu através do filho, que viveu na Inglaterra. "Ele morou lá em 2004, trabalhando. E também tive uma esposa peruana, meu primeiro casamento. Ela falava aquele castelhano, conoces?", brinca José, já puxando o sotaque típico de quem fala um "portunhol" legítimo.

O NE10 deu uma voltinha no táxi “internacional” de José Cardoso, que contou boas histórias. Confira abaixo:


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