Dia dos Avós

Conheça histórias de dedicação de avós a netos com microcefalia

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 26/07/2016 às 10:59
NE10
Casal Maria de Fátima e Silvino Soares acompanha de perto o desenvolvimento do neto Pedro Miguel, de 9 meses FOTO: NE10
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Silvino Soares e Maria de Fátima estão desempregados, mas não deixam de cuidar do neto com microcefalia / Foto: Priscila Miranda/NE10

Silvino Soares e Maria de Fátima estão desempregados, mas não deixam de cuidar do neto com microcefalia Foto: Priscila Miranda/NE10

Dizem que avô e avó são pai e mãe duas vezes. E, quando se trata de cuidar de netos com dificuldades especiais, como a microcefalia, esse amor se multiplica ainda mais.

Nesta terça-feira (26), data que celebra o Dia dos Avós no Brasil, o NE10 ouviu duas histórias de dedicação extrema de avós aos netos com microcefalia, condição neurológica em que a cabeça e o cérebro são significativamente menores, o que provoca comprometimento no desenvolvimento da criança.

A filha do casal Maria de Fátima Firmo e Silvino Soares tinha apenas 16 anos quando descobriu que estava grávida do namorado. Nos exames finais antes do parto, a médica desconfiou que a criança possuia malformação da cabeça, o que foi confirmado após o nascimento. "Só descobriu quando ele nasceu que tinha microcefalia", relembra a avó de Pedro Miguel, hoje com 9 meses de vida. O diagnóstico não foi fechado. "Ela não teve sintomas de zika na gravidez, apenas uma gripe", explica.

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Com a mãe estudando e trabalhando durante o dia, o bebê passou então a ficar integralmente com os avós. A luta para criar a criança é dividida com os dois, que estão desempregados. "Ela largou o emprego como auxiliar de limpeza no Hospital Miguel Arraes para cuidar dele. Eu trabalhava como cinegrafista, mas estou fazendo bicos como motorista", conta Silvino. A ajuda que possuem vem de instituições de apoio a crianças com microcefalia e da Prefeitura de Paulista, cidade da Região Metropolitana do Recife onde moram. 

"A gente recebe fraldas, material higiênico e cestas básicas. Dinheiro ainda não, porque precisamos terminar o cadastro para receber auxílio do governo", diz o avô.

O casal vai semanalmente à Fundação Altino Ventura para a realização de terapias que vão ajudar o neto a minimizar os problemas causados pela microcefalia. "No começo, ele chorava muito. Agora, está mais calmo, porque toma remédio. Está ficando mais sabido, mas é difícil", comenta Maria de Fátima.

O que os dois mais querem para o neto é que o futuro seja bom para ele. "Que ele estude, que ande", deseja Maria de Fátima, "e que ele leve uma vida normal como qualquer criança", completa Silvino.

Em São Paulo, avó também ajuda filha a criar neto com microcefalia

AMOR INCONDICIONAL Nancy Assis e seu neto Bruno, de 9 anos Foto: Roberta Assis/Cortesia

 

Em Mogi das Cruzes, Região Metropolitana de São Paulo, a coordenadora pedagógica Roberta Assis sofreu muito ao descobrir, durante a gravidez, que seu terceiro filho tinha microcefalia. O choque inicial foi logo amenizado com o apoio de seus pais. “Meu pai me ajudou muito, inclusive acompanhava nas terapias. Infelizmente ele faleceu há dois anos, mas minha mãe é meu grande apoio. Sem ela, minha jornada seria muito mais difícil”, diz Roberta.

Hoje com 9 anos, Bruno Assis conta a ajuda fundamental da avó Nancy. Ela conta que não vê o neto com alguma diferença. "Para mim, ele é normal. Tem dificuldades para ler e escrever, mas é uma criança que sabe mexer melhor nas tecnologias do que eu. Eu adoro passar o dia com ele", afirma Nancy.

Além do apoio da mãe, Roberta diz que o avanço no desenvolvimento do filho também foi resultado do acompanhamento médico desde o nascimento. "Foram as terapias desde 15 dias de vida. Acho legal conscientização das famílias, parece que as terapias são 'bobinhas', mas o resultado ao longo do tempo é bem satisfatório", acredita. Assim como o caso de Pedro Miguel, o motivo do desenvolvimento da microcefalia em Bruno também não foi fechado pelos médicos.

"Fizemos uma bateria de exames, eu e ele, citomegalovírus e DST não foram, deu tudo negativo, assim como rubéola e outros vírus. Pode ter sido incompatibilidade de cromossomos, segundo a geneticista do Hospital Servidor Público de São Paulo. Precisaríamos cruzar os DNAs e, como isso não mudaria em nada o quadro dele, prefiro não realizar o exame e correr com terapias ao focar na causa, mesmo porque naquela época era muito difícil um laudo, alguém se interessar na causa, hoje virou algo muito mais evidente na mídia em decorrência do surto com o mosquito transmissor", explica Roberta.

TRIO INSEPARÁVEL Bruno, a avó Nancy e a mãe Roberta: amor que supera as dificuldades da microcefalia Foto: Roberta Assis/Cortesia

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