Iguarias

No Recife, 'food bike' faz sucesso com mingau de cachorro e vitamina de macaíba

Mariana Dantas
Mariana Dantas
Publicado em 08/06/2016 às 16:35 | Atualizado em 17/08/2020 às 19:18
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Os copinhos com as iguarias custam R$ 2 e R$ 3 cada, dependendo do tamanho / Foto: Mariana Dantas/NE10

Os copinhos com as iguarias custam R$ 2 e R$ 3 cada, dependendo do tamanho Foto: Mariana Dantas/NE10

Você já experimentou mingau de cachorro? E vitamina de macaíba? Apesar dos nomes nada convidativos, as iguarias fazem sucesso entre os trabalhadores que circulam no Terminal de Passageiros do Cais de Santa Rita, no Centro do Recife. Todos os dias, a partir das 5h da manhã, o dono da receita, cozinheiro, vendedor e até marketeiro César Henrique da Silva, 27 anos, estaciona sua bicicleta motorizada no pátio que fica entre os corredores de ônibus do TI, abastecida com garrafões de mingau e vitamina.

Além de “sistema de som” – um rádio MP3 que reproduz o anúncio criado e gravado pelo próprio César, a bike exibe ainda um banner para informar aos clientes sobre as dezenas de benefícios do mingau de cachorro e da vitamina de macaíba. Segundo o vendedor, são ricos em ferro, cálcio e potássio, vitaminas A, B6, C e E e ômega três, ajuda a aumentar a imunidade, combate a gripe, fortalece os ossos e ainda dá brilho no cabelo – entre outros. “Eu e minha família consumimos a vitamina e o mingau todos os dias. Ninguém fica doente lá me casa”, garante César, que é casado e pai de dois filhos.


 
Apesar do nome mingau de cachorro, o caldo é salgado, servido bastante quente, e não leva leite. Os ingredientes são: alho, pimenta do reino, gengibre, sal e farinha de mandioca. É servido no copinho com ovo de codorna e charque picada. “A receita é bem antiga, aprendi com a minha mãe. Também não sei a origem do nome, que existe há anos. Mas o meu preparo tem um segredo especial e todos elogiam a cor amarela do meu mingau”, conta César. Já a vitamina de macaíba é preparada no liquidificador com leite e pó, água e macaíba descascada e cortada em pedaços. Tem como opção de acompanhamento farinha de amendoim e canela.  

Para os trabalhadores que saem de casa muito cedo e precisam pegar mais de um ônibus para chegar ao trabalho, a vitamina e o mingau acabam sendo opções de café da manhã. “Ele (César) passou uma semana sem aparecer e fez uma falta danada. Sou viciada no mingau de cachorro, que me dá energia para enfrentar o dia. Também gosto muito dele, é um jovem dedicado e atencioso”, elogia a empregada doméstica Luzinete Maria da Silva, 59.


César acorda todos os dias às 3h da madrugada para preparar os produtos

Por volta das 6h da manhã, quando aumenta o fluxo de passageiros no TI, muitos fazem fila em frente à bicicleta de César. Com agilidade incrível para manusear garrafas térmicas, copinhos e potes plásticos, o jovem vendedor corre para atender a todos, sem que ninguém perca o ônibus.

“Tenho orgulho do meu trabalho. Trabalho na rua, mas sou formalizado como microempreendedor individual e pago o meu INSS. Sempre quis ter um negócio e há dois anos resolvi deixar o emprego de auxiliar administrativo em uma empresa pública para vender mingau e vitamina”, conta César, que fatura mais de R$ 3 mil por mês. Mas o dinheiro não chega fácil. Ele acorda todos os dias às 3h da madrugada para preparar as iguarias. Também precisa vender mais de 300 mingaus de cachorro e 90 vitaminas por dia. Os copinhos custam R$ 2 e R$ 3 cada, dependendo do tamanho. Além de trabalhar de segunda a sexta no TI do Cais de Santa Rita, todos os domingos, César leva a sua bicicleta abastecida com os produtos para a feira de Peixinhos, em Olinda.

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