Luto

Amigos lamentam a morte de Ariano Suassuna

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 23/07/2014 às 18:47
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Ariano faleceu após sofrer uma parada cardíaca no Recife / Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Ariano faleceu após sofrer uma parada cardíaca no Recife Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Os amantes da literatura ainda estão impactados diante da morte do escritor Ariano Suassuna, que faleceu aos 87 anos na tarde desta quarta-feira (23), no Recife. Ao saber da triste notícia, amigos e companheiros de trabalho prestaram homenagens e comentaram sobre a dor de perder um imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL).



"Eu também morro um pouco porque, com a morte de Ariano, eu perco a minha referência no mundo literário", disse, chorando, o escritor Raimundo Carrero, de 66 anos. Muito amigo do dramaturgo, Carrero contou que não teve a oportunidade de visitá-lo no hospital por estar com problemas de saúde e sem conseguir andar.

Aos 92 anos, a atriz Geninha da Rosa Borges teve que conter a emoção ao saber da notícia da morte. "Minha nora que me deu a notícia. Foi uma coisa tão esquisita, eu nunca pensei em receber uma notícia dessas. Estou muito abalada".

"O Ariano, pra mim, é um mestre com quem aprendi muito e tenho um laço grande de carinho. Também tenho a honra de ter espalhado a arte dele na televisão", ressaltou o diretor e roteirista João Falcão, responsável pela adaptação do Auto da Compadecida para televisão em 1995.

"Foi um choque. Em 21 dias, a academia perdeu três de seus imortais. Eu fui colega contemporâneo do Ariano, na Faculdade de Direito do Recife. Pra mim, é uma perda pessoal. Para você ter ideia, eu estava presente na primeira peça do Ariano, quando ele tinha 20 anos, no Parque 13 de Maio, no Recife", lamentou Geraldo Holanda Cavalcanti, presidente da Academia Brasileira de Letras.

Leda Alves, que encenou peças de Ariano e é a atual Secretária de Cultura de Recife, considera a convivência com o escritor um privilégio. "Dentro de mim vai a falta do amigo que eu de vez em quando conversava, mas que me trouxe uma luz muito grande na minha caminhada", disse.

Para ela, Ariano nunca morrerá, e sua obra deve ser difundida pelos que a conheceram: "Ninguém amou tanto o povo brasileiro, a vida brasileira do que Ariano. Não deu tempo ele conversar com todos os brasileiros, mas eu acho que a obra que vai ficar e que a gente vai ter consciência da importância e da riqueza dessa obra para o Brasil".

O reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Anísio Brasileiro, também lamentou a morte do escritor. O dramaturgo foi professor de Estética na instituição desde 1957 até 1989: "O Brasil fica menos feliz e menos popular com a partida de Ariano Suassuna. Caberá a nós cuidar de cultivar as belas sementes que ele plantou".

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