Despedida

Corpo de Ariano Suassuna é velado no Palácio

Amanda Miranda
Amanda Miranda
Publicado em 23/07/2014 às 23:18
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Corpo chegou ao Palácio do Governo às 22h50 / Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Corpo chegou ao Palácio do Governo às 22h50 Foto: Diego Nigro/JC Imagem



Imortal. Foi assim que familiares, amigos e fãs do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna o definiram no fim da noite quarta-feira (23). O velório do autor de obras como O Auto da Compadecida foi aberto esta noite, no Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo de Pernambuco, para que admiradores pudessem prestar homenagens ao grande nome do Movimento Armorial - mas não as últimas. O legado de Ariano - seus personagens e lições de vida sempre com muito bom humor - o mantém vivo principalmente entre os que apreciam a cultura nordestina, aqueles que prometem reverenciá-lo eternamente, como os fãs e parentes que estiveram na abertura do velório.

Aberto ao público, o velório seguirá até as 15h desta quinta (24), quando o corpo seguirá em cortejo até o cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife, onde será o sepultamento, marcado para as 16h.

O corpo de Ariano chegou ao palácio às 22h50, momento em que o hall estava lotado de familiares do escritor e autoridades, como o ex-governador Eduardo Campos (PSB), ligado ao dramaturgo desde muito jovem, e a mulher dele, Renata Campos, sobrinha do dramaturgo. Eduardo, o governador João Lyra Neto (PSB), o candidato a senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) e parentes de Ariano carregaram o caixão, que entrou na sede do governo sob aplausos. Mais cedo, logo após receber a notícia da morte do "grande professor", visivelmente abalado, o presidenciável afirmou que Ariano deixa um "exemplo de dignidade e amor ao Brasil" que todos os brasileiros deveriam seguir. Campos cancelou todos os compromissos de campanha destas quarta e quinta-feira para ficar no Recife.

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Em seguida, os mais próximos ao escritor participaram de celebração católica ministrada pelo frei Aluísio Fragoso. O caixão foi coberto pela bandeira da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde Ariano foi professor de estética. No início da noite, o reitor Anísio Brasileiro disse, em nota, que "o talento profundo de Ariano Suassuna encantou gerações de estudantes da UFPE e suas aulas ficarão para sempre na memória de todos nós."

Durante a cerimônia, uma das netas de Ariano, a psicóloga Germana Suassuna, de 26 anos, fez um discurso emocionado em nome dos primos. Vestida com a camisa do Sport, time do coração do avô, agradeceu por ter nascido em uma família "privilegiada" e prestou homenagem também à avó, Zélia de Andrade Lima, companheira do dramaturgo que ficou o tempo todo ao lado do corpo do marido. "Ela tem um andar frágil e uma voz não muito forte, mas vocês não têm ideia de como dona Zélia é uma mulher forte", disse. E afirmou que a família continuará unida e mantendo hábitos que tinham com Ariano, como o de almoçar juntos aos domingos.

Pouco antes do fim da celebração religiosa, dezenas de fãs começaram a fazer fila na porta do Palácio do Campo das Princesas para também prestar homenagens ao ícone da cultura de Pernambuco. A historiadora Geórgia Branco foi uma das primeiras a chegar. Admiradora de Ariano como homem e escritor, disse que ele foi marcante pela sua importância para o Nordeste. "Só se torna universal o que permanece com as suas raízes. Incrível. Ariano."

Como o dramaturgo, a empresária Vera Farias, que também estava na fila, nasceu em outro estado e adotou o Estado como a sua terra; se descreve como "pernambucha". Vera não conhece o Ariano escritor, afinal nunca leu uma publicação dele. Mas conheceu o lado professor do paraibano apaixonado por Pernambuco. A empresária, que levou rosas vermelhas para o rubro-nego, virou fã por assistir às aulas-espetáculo de Ariano, momentos em que é conhecido por fazer rir. Desses momentos tirou o principal ensinamento: "Aprendi a sorrir. Como era bom sorrir com ele!"

LUTO - Ariano Suassuna morreu nesta quarta-feira no Recife, aos 87 anos, vítima de parada cardíaca após entrar em coma depois de sofrer um  Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico na noite da última segunda-feira (21). Pelo falecimento, a Prefeitura do Recife e o Governo do Estado declararam três dias de luto oficial.

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