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No Dia do Leitor, saiba como criar um hábito diário de leitura

Rafael Paranhos
Rafael Paranhos
Publicado em 07/01/2017 às 9:12
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Uma pesquisa do Ibope apontou que a média de leitura dos brasileiros é de apenas 4,96 livros por ano / Foto: freeimages

Uma pesquisa do Ibope apontou que a média de leitura dos brasileiros é de apenas 4,96 livros por ano Foto: freeimages

Cinquenta. Essa é a estimativa aproximada da quantidade de livros que a jornalista Tathiane Teixeira, de 27 anos, costuma ler por ano. São obras dos mais diversos gêneros literários, desde histórias de romances até as narrativas de época. De autores nacionais e estrangeiros. Se ela costuma folhear esse número de obras, por outro lado, a média dos brasileiros não chega nem na casa das dezenas. Um levantamento realizado pelo Ibope, em 2016, apontou que a média de leitura das pessoas é de apenas 4,96 livros por ano. Portanto, no Dia do Leitor, lembrado neste sábado (6), saiba como desenvolver uma rotina diária para aproveitar as páginas literárias nos 365 dias do ano.

Foi ainda na infância que Tathiane se apaixou pelos exemplares. A jornalista contou que a avó, mesmo tendo estudado até a quarta série do ensino fundamental, foi a grande incentivadora por estimular o hábito de abraçar a literatura. "Apesar de estar cercada por livros em casa, eu não via graça na leitura. A mudança foi na fase da minha adolescência, quando passava o dia inteiro na biblioteca da escola", lembra. Thatiane diz que a curiosidade sobre o que estava escrito nos livros aguçou o paladar imaginário, debruçando-se cada vez mais nas narrativas dos diversos autores.

Aos cinco anos de idade, recorda a jovem, o tio a presentou com dois títulos literários, guardados até hoje nas prateleiras onde coleciona os mais de 300 exemplares. A psicopedagoga Simone Bérgamo lamenta ao comentar que as crianças, diferentemente de Thatiane, raramente são presenteadas com um livro. "Eu acredito que há pouco estímulo na leitura. Se (os familares) facilitassem o acesso ao livro, a leitura seria algo mais natural como jogar bola". Ela ainda ressalta que o fato de a literatura não estar em lugares de forma natural e acessível, como consultórios e salas de espera, por exemplo, isso faz dos exemplares uma obrigação e não uma rotina. "Como se o livro fosse objeto de estudo, da escola, e não de prazer", explicou.

Mesmo com o período de ressaca literária, jornalista consegue ler mais de 50 livros por ano

Mesmo com o período de ressaca literária, jornalista consegue ler mais de 50 livros por anoFoto: Cortesia

Hoje Thatiane, além de escrever para seu blog, participa de grupos nas redes sociais em que várias pessoas de todo o País trocam ideias e títulos. "Além dos grupos, recentemente, descobri o Skoob Plus, site que você pode fazer troca com pessoas de todo o Brasil. É legal porque passei a conhecer muita gente", indicou. Quem pensa em criar um hábito literário, a veterana orienta as pessoas a iniciarem dentro do seu próprio limite, aos poucos. "Não adianta você começar a ler e pegar um clássico como 'Os Miseráveis', do autor Victor Hugo, por exemplo, pois são quase duas mil páginas. Se você não tem o costume, a leitura vai se tornar sacrificada."

Se o valor do livro físico for pesar no bolso, Thatiane indica baixar títulos pela internet - que podem custar a partir de R$ 1 ou até mesmo gratuitos - para ler no e-book ou por meio do celular. O interessado pode encontrar títulos mais em conta no site das livrarias mais conhecidas ou no site do Senac. (Veja 10 sites para baixar livros de graça).

Simone Bérgamo pega carona na orientação de Tathiane e diz que os pequenos podem ler na própria internet, já que muitos são nativos da geração digital. "A forma física é o que mesmo importaria, mas o que vale é o estímulo da história", defende a psicopedagoga, alegando que a leitura ajuda a estimular a criatividade, além de desenvolver a construção da escrita. "Quando a criança lê muito, ela escreve muito bem", completa Simone.

Dados sobre a leitura no Brasil

De 2011 para 2015, a Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil indicou que os brasileiros tiveram uma ligeira melhora em relação à leitura. Nesses quatro anos, houve um aumento de 4% no hábito de ler. A pesquisa também aponta que 74% da população não comprou livro nos primeiros três meses de 2016. Outro dado alarmante: 30% dos entrevistados nunca comprou um livro.

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