Cabelos Crespos e Cacheados

O boom do cabelo crespo

Emy Santos
Emy Santos
Publicado em 11/03/2016 às 12:51 | Atualizado em 13/08/2020 às 19:17
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"Eu não peço aprovação, eu exijo respeito" Foto: Emilayne/NE10

É possível notar que, pelo menos nos últimos cinco anos, há um número crescente de pessoas que aposentaram a chapinha e outros métodos de alisamento para assumir o cabelo natural. Esse processo não veio repentinamente, é algo cumulativo e que em grande parte se deve ao Movimento Negro, que não só no Brasil, mas em todo o mundo, propõe o empoderamento das raízes afro.

Estudos realizados indicam também que doenças cancerígenas teriam relação com substâncias presentes nos produtos químicos que entram em contato com a fibra capilar e o couro cabeludo. Pesquisa realizada pelo Departamento de Medicina Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade de West Virginia (EUA), e publicado no "Journal of Environmental and Public Health" em maio de 2011, notou aumento de risco de desenvolvimento de câncer de pulmão associado à exposição a alguns compostos, entre eles o formol. 

Por isso o emprego desse produto não é mais permitido nos cosméticos no Brasil desde janeiro de 2012. Mas é bom ficar atenta. Nos rótulos, o formol pode estar apresentado com os seguintes nomes: quatérnium-15, diazolidinil hora, imidazolidinil ureia e DMDM hidantoína.

O movimento de aceitação do cabelo afro, a princípio trazido por blogueiras e  youtubers americanas, foi se propagando por diversos países, com ênfase no Brasil. Esse fenômeno vem desde comunidades no Orkut, passando por canais no YouTube, páginas no facebook, como "Cacheadas em transição", "Encrespa geral", "Faça amor não faça chapinha" e grupos no whatsapp. Tal globalização e novo modelo de canalização das informações, permitiu a propagação do tipo de conteúdo definido como luta política. Milhares de pessoas aderiram ao movimento "Faça Amor Não Faça Chapinha", movimento que não se trata de moda, mas de resistência.

Relato de Allana Evellyn - "Pra ser sincera, meu processo de aceitação ocorreu de forma brusca. Eu sempre alisava meus cabelos, religiosamente, a cada 3 meses desde os 6 anos de idade. Com o passar dos anos e a junção dos diferentes tipos de química, meu cabelo foi ficando quebradiço, porém eu continuava alisando. Um dia quando voltei do salão depois de passar 4 horas sentada na cadeira, eu me olhei no espelho e não me reconheci mais. Aquele cabelo não era minha identidade. Então resolvi deixar natural no mesmo dia. Procurei diversos grupos que apoiavam pessoas que faziam essa transição, assisti vídeos, salvei referências, e assim fui seguindo. Um ano depois fiz o meu Big Chop - grande corte em inglês (quando é cortada toda parte que contém química), e naquele momento, finalmente, conheci o meu cabelo. Eu me reconheci no espelho. Desde então já se passaram dois anos".

Relato de Nara Warchasky - "Na verdade eu não passei por um período de transição. No meu caso, o que houve foi maior aceitação e aprendizado de como usar e valorizar meus cachos. Aprendi a dar valor a minha negritude. Nunca sofri nenhum tipo de preconceito por causa do cabelo, mas sempre algumas pessoas vinham com a mesma pergunta: 'Porque você não alisa?'. Essa possibilidade nunca passou pela minha cabeça. Por fim, levo sempre uma frase comigo: Cabelo cacheado não é moda, é identidade".

Relato de Aline Soares - "Acho que a fase mais difícil foi no colégio. Por volta dos 13 anos, eu resolvi alisar quimicamente o cabelo já que meus cachos não pareciam fazer parte do padrão chapado da escola. O resultado não ficou muito bom, então resolvi que iria escovar o cabelo duas vezes por semana. Perdia horas com secador e chapinha. Só bem depois, já na faculdade, aos 19, é que comecei a me dar conta que não havia nada de errado com meu cabelo e que ele, na verdade, ao natural encaixava bem melhor com minha personalidade".

Relato de Manuella Marinho - "O processo de aceitação dos meus cabelos foi cheio de felicidade desde o início. Quando eu usava produtos pra mudar a forma deles não era feliz comigo e nem imaginava que pudesse sentir a satisfação que sinto hoje. Me amei desde o primeiro minuto que me olhei no espelho após o grande corte e estava com os cabelos bem curtinhos! A satisfação em ver meus cabelos completamente naturais foi reveladora. A partir dali a insegurança e a auto estima baixa deram lugar a auto confiança, segurança e muito orgulho de mim mesma. É extremamente prazeroso ser feliz com realmente sou".

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Allana Evelyn - Divulgação
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"VAI USAR PENTE?" - Diferente do cabelo liso, é recomendado que o cabelo crespo/cacheado seja desembaraçado, penteado, ainda molhado, ou úmido, evitando a quebra da fibra capilar. Outra curiosidade é o uso de fronhas de cetim ou seda, que auxiliam na manutenção dos cachos. O atrito é amenizado nesse tipo de tecido, logo, os frizz ficam controlados.

» Cuidados naturais e produtos

Não há muito segredo para o cuidado do cabelo crespo, porém existe uma diversidade de técnicas de tratamento que priorizam o uso de produtos naturais, como a babosa: originária do norte de África, a aloe vera é famosa por seus benefícios estéticos. Uma das formas mais utilizadas da planta é no tratamento do cabelo, seja para hidratar, fortalecer ou evitar a queda dos fios, a babosa geralmente está presente em muitas receitas caseiras.

- Óleo de coco vegetal: para os cabelos, é muito mais eficaz que um shampoo anti caspa, basta aplicar no couro cabeludo, deixando-o agir por 15 minutos antes de lavar os fios, proporcionando bastante brilho.

- Azeite extra-virgem: a hidratação com azeite de oliva extra virgem possui todos os componentes benéficos para seu cabelo, incluindo ácidos graxos monoinsaturados e vitamina E, um antioxidante importante para o crescimento do cabelo.

- Vinagre de maça: serve para selar as cutículas capilares.

- Abacate: por conter uma grande quantidade de óleos e vitaminas o abacate também é um grande aliado para pele e cabelo, a fruta é rica em óleos naturais e  age como excelente restaurador e conservador.

» Técnicas no poo e loo poo

No poo - significa sem shampoo, faz uso apenas de produtos que contenham silicones insolúveis em água.

Low poo - significa pouco shampoo ( utilizando shampoo sem sulfato), Já o low poo utiliza shampoo sem sulfato para retirar os silicones insolúveis. Em ambas as rotinas devem ser abolidos produtos que contenham óleo mineral, petrolato ou parafina liquida.  

» Transição capilar

Para aderir a campanha e fazer uso do cabelo natural, deve-se passar pelo processo de transição capilar, isto é, caso antes houvesse resíduos de produtos químicos. É denominado transição capilar o intervalo de espera para que o cabelo natural cresça até que todo o resto de química seja tirado com um grande corte, denominado Big Chop (BC). Ao realizar o grande corte termina a transição.

» Tipos de cabelos, por numeração e letra - conheça o seu: 





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