Arte na pele

Profissão tatuador: a arte de desenhar na pele de quem quer sinais para toda vida

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 20/07/2016 às 7:16 | Atualizado em 03/11/2022 às 14:44
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Henrique fica feliz em ter um dia que homenageie a profissão que abraçou há dez anos / Foto: Luiz Pessoa/NE10

Henrique fica feliz em ter um dia que homenageie a profissão que abraçou há dez anos Foto: Luiz Pessoa/NE10

Eles são artistas que usam a pele como tela. Celebrados no Brasil neste dia 20 de julho, os tatuadores têm sido cada vez mais procurados desde que o mercado de tatuagens deixou de ser visto com olhos preconceituosos e passou a fazer parte do mundo da moda. O ramo, que não sente muito os impactos da crise econômica do País, cresce cerca de 20% ao ano, segundo o Sindicato das Empresas de Tatuagem e Body Piercing do Brasil (Setap-BR).

Para celebrar a data, o NE10 conversou com um dos tatuadores mais reconhecidos do Recife: Henrique Brandão. Especializado em Old Skull Tattoo, que é um estilo de tatuagem ocidental tradicional com contornos pretos fortes e uma paleta de cores limitada. Além de contar um pouco da sua história, rotina e explicar mais sobre a profissão e procedimentos, a reportagem mostra as reações da jornalista, e repórter do NE10, Marina Padilha, que fez sua primeira tatuagem (uma concha em homenagem ao significado “marítimo” do seu nome).

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Depois de definir o desenho, Marina entregou seu antebraço para ganhar sua primeira tattoo

Depois de definir o desenho, Marina entregou seu antebraço para ganhar sua primeira tattooFoto: Luiz Pessoa/NE10

"A escolha pelo desenho é porque a concha vem do mar, assim como meu nome. 'Marina' significa 'aquela que vem do mar'. O elemento representa essa minha ligação e também o amor pela cidade de Santiago de Compostela, na Espanha, que tem uma concha como símbolo e foi onde passei um tempo em intercâmbio. Fazendo a tatuagem, a dor, de fato, era mais suportável do que pensei. Deu para aguentar. São vários furinhos, não muito profundos, feitos de maneira bastante ágil, o que ajuda. O que mais incomoda é um ardor que fica por cerca de meia hora depois de ter feito a tatuagem. Valeu a pena e gostei bastante do resultado", explicou a mais nova tatuada, Marina Padilha.

De maneira geral, para ser um bom tatuador, o candidato precisa ser criativo, saber desenhar e ter mãos firmes para não errar o traço que está sendo aplicado na pele dos cliente. Embora não haja um curso específico de formação, muitos tatuadores buscam qualificação profissional em áreas como desenho e ilustração. No caso de Henrique Brandão, além desses cursos, ele também se aprimorou em biossegurança, para garantir a higiene do seu trabalho e a segurança dos clientes.

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A profissão não exige nenhum tipo de registro formal, mas para manter um estúdio é preciso ter um alvará expedido pela prefeitura e do órgão de local de Vigilância Sanitária. Os materiais usados devem ser descartáveis e autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Por causa da "falta de regulamentação" em torno da profissão, o interessado em ter uma tatuagem deve pesquisar com paciência um estúdio adequado e um tatuador que realize bons desenhos (não só no papel, mas principalmente na pele).

Tatuador: categoria pode estar em risco

A data do dia 20 de julho foi escolhida no Brasil em homenagem ao dinarmaquês Kud Harld Likke Gregersen, conhecido como Lucky Tattoo, que no ano de 1959 chegou ao Porto de Santos, em São Paulo. Apaixonado por tatuagens, ele abriu um estúdio de tattoo e se tornou notícia nos principais jornais do Brasil como sendo o primeiro tatuador da América do Sul.

Em meio às comemorações ao Dia do Tatuador, uma notícia chega para preocupar a categoria. Se aprovado, um projeto de lei deixa os profissionais do ramo da estética e saúde por um fio. Em junho deste ano, depois de tramitar em comissões comissões desde 2014, o projeto PLS 350/2014, de autoria da Senadora Lúcia Vânia (GO), foi declarado apto para votação em plenário. 

Marina Padilha foi cobaia na matéria do NE10

Marina Padilha foi cobaia na matéria do NE10Foto: Luiz Pessoa/NE10

O texto determinaria que profissionais do ramo da enfermagem, tatuagem e modificadores corporais, dermo pigmentadores estéticos, entre outras áreas, sejam proibidos de exercerem suas funções por entender que esses atos são exclusivos de graduados em Medicina. O projeto de lei altera a Lei nº 12.842, de 10 de julho de 2013, que dispõe sobre o exercício da Medicina, para modificar as atividades privativas de médico.

De acordo com o texto proposto, torna-se exclusivo aos médicos o ato de fazer punções e inserções de pigmentos e agentes químicos dentro dos tecidos dérmicos, epidérmicos e punções intravenosas. As tatuagens e aplicações de body piercers se encaixam, justamente, nesse veto.