Luto

Manhã de despedidas e batuques para Naná Vasconcelos

MARÍLIA BANHOLZER
MARÍLIA BANHOLZER
Publicado em 10/03/2016 às 9:24
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Amigos, familiares e admiradores estiveram presentes na Alepe para o velório / Foto: Marília Banholzer/NE10

Amigos, familiares e admiradores estiveram presentes na Alepe para o velório Foto: Marília Banholzer/NE10

Nesta quinta-feira (10), o entra e sai na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), bairro da Boa Vista, no Centro do Recife, foi para homenagear o percussionista Naná Vasconcelos. O músico, que morreu nesta quarta-feira (9) aos 71 anos, foi velado no local onde familiares, amigos e admiradores estiveram presentes fazendo preces e dando força uns ao outros para superar a perda.

Por volta das 9h, um culto ecumênico foi celebrado por um pai de Santo, um padre e uma pastora evangélica para encerrar o velório. O corpo de Naná Vasconcelos deixou a Alepe ao som da música "Asa Branca" e o caixão, coberto com as bandeiras de Pernambuco e do seu time de coração Santa Cruz foi colocado no caminhão do Corpo de Bombeiros. Ele foi levado ao cemitério de Santo Amaro, na área central da capital pernambucana. No local, nações de maracatu prestarão mais homenagens ao som de batuques.


Aberto ao público às 8h, o velório recebeu diversos visitantes, a maioria dando força para os irmãos de Naná, Cenilda e Jurandir Vasconcelos, além da filha Luz Morena, 16 anos, e a viúva do músico, Patrícia Vasconcelos. A filha mais velha do percussionista, Jasmin Azul, 21 anos, mora em Nova Iorque e não estará presente no sepultamento por não ter conseguido um voo a tempo.

Velório de Naná Vasconcelos reúne amigos e familiares na Alepe, no Recife

Publicado por NE10 em Quinta, 10 de março de 2016


Artistas como Claudionor Germano e Cristina Amaral também estiveram na Alepe para o velório que teve início na tarde dessa quarta-feira. Naná Vasconcelos morreu vítima de um ataque cardíaco enquanto estava internado num hospital particular do Recife, lutando contra um câncer de pulmão. A doença foi diagnosticada no ano passado e, mesmo assim, ele vinha trabalhando no lançamento de um novo CD, que agora deve ser lançado com a ajuda da viúva Patrícia Vasconcelos.

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Tambores ficaram silenciosos enquanto aguardavam o momento de homenagear o meste Naná - Mariana Dantas/NE10
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Fila é organizada para ter acesso ao velório de Naná Vascelos - Mariana Dantas/NE10
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Naná Vasconcelos é velado na Alepe sob forte emoção de amigos e familiares - Mariana Dantas/NE10
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Naná Vasconcelos é velado na Alepe sob forte emoção de amigos e familiares - Mariana Dantas/NE10
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Coroas de flores foram deixadas na Alepe para a homenagem - Mariana Dantas/NE10
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Integrantes do Maracatu Nação Porto Rico fizeram uma homenagem ao mestre no velório - Mariana Dantas/NE10


CARREIRA - Juvenal de Holanda Vasconcelos, ou Naná Vasconcelos, nasceu no Recife em 2 de agosto de 1944. O pai, músico, lhe passou o gosto pela arte e o filho começou cedo. Aos 12 anos já se apresentava em bares e participava de grupos de maracatu locais.

Naná Vasconcelos chegou a ser eleito 8 vezes o melhor percussionista do mundo

Naná Vasconcelos chegou a ser eleito 8 vezes o melhor percussionista do mundoFoto: JC Imagem

Aprendeu primeiro a tocar bateria. Depois, berimbau e não parou mais: ao longo da carreira, uma das características da sua percussão era usar qualquer objeto que produzisse um som interessante para compor seus trabalhos.

Naná começou a ser conhecido nacionalmente ao mudar para o Rio de Janeiro, na década de 1960, e tocar com o mineiro Milton Nascimento e o também pernambucano Geraldo Azevedo.

Em seguida, sua carreira deslanchou no exterior. Morou nos Estados Unidos e na França, compôs trilhas sonoras para filmes e recebeu oito Grammys, um dos maiores prêmios de música do mundo.

Eleito oito vezes o melhor percussionista do mundo pela revista americana Down Beat, Naná Vasconcelos chegou a fazer parcerias com artistas como B.B. King e Ella Fitzgerald.

Fruto do aprendizado informal da música, sem nunca ter cursado nível superior, em dezembro de 2015, o artista recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). 

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