Fotografia

FotoRio volta a fazer do Rio de Janeiro a capital da fotografia

Mariana Campello
Mariana Campello
Publicado em 30/07/2014 às 23:06
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Evento bienal que desde 2003 transforma o Rio de Janeiro, nos meses de sua realização, em capital da fotografia, o FotoRio passa agora a ocorrer todos os anos. Com o patrocínio da prefeitura do Rio, a versão dos anos pares, mais compacta, foi aberta no início da noite desta quarta-feira (30) com duas exposições no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, no Humaitá, zona sul da cidade. Outras mostras serão inauguradas até o final de agosto, em 20 centros culturais e locais alternativos espalhados pelo município do Rio.

Ao longo dos 11 anos de existência, o FotoRio consolidou-se como o maior e mais significativo evento de fotografia do país. Mais do que uma sucessão de exposições de renomados fotógrafos do Brasil e do exterior, o FotoRio se caracteriza também pela promoção de palestras, debates, oficinas e mesas-redondas nas quais são discutidos os novos caminhos da fotografia em todo o mundo.

Para o fotógrafo e antropólogo Milton Guran, coordenador e curador do evento, a particularidade do evento está em sua origem. “O FotoRio é o resultado de um movimento de fotógrafos que se organizaram para dar visibilidade à fotografia como bem cultural de primeira necessidade”, explica.

Em matéria de exposições, o FotoRio 2014 terá mais destaque no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, próximo à Praça Tiradentes, no centro do Rio. Lá serão abertas, no próximo sábado (2), às 14h, cinco mostras de fotógrafos brasileiros e estrangeiros.

Uma delas é a do premiado belga Wim De Schamphelaere, que retrata populações de aldeias africanas em imagens recriadas digitalmente, de até sete metros de comprimento. Outra é a do norte-americano Peter Lucas, que garimpou, na feira de antiguidades da Praça 15, fotografias da década de 1960. “A recuperação de fotos encontradas é uma das tendências da fotografia contemporânea”, observa Guran.

Segundo o curador, as edições do FotoRio nos anos pares terão menor número de exposições e foco maior na produção de conhecimento, por meio de debates e seminários. Já no ano que vem, o evento será na sua versão mais ampliada, em uma centena de locais, devendo chegar a 200 exposições.

“Como 2015 será o ano em que celebraremos os 450 anos de fundação da cidade do Rio de Janeiro, teremos como tema a própria cidade. Pela primeira vez, o FotoRio será inteiramente dedicado a um tema”, antecipa Milton Guran.

Entre os seminários do FotoRio 2014, destacam-se Fotografia Pública e Experiência Histórica Contemporânea, de 12 a 14 de agosto, no Memorial Getúlio Vargas, na Glória, zona sul da cidade, e o 8º Encontro sobre Inclusão Visual do Rio de Janeiro, na mesma época, na Escola do Olhar do Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá, zona portuária.

Pioneiro no gênero, o encontro sobre inclusão visual tem como objetivo proporcionar a troca de experiências entre diversos projetos que utilizam a fotografia como instrumento de inclusão social em comunidades populares. Participam do seminário coordenadores, alunos e monitores de projetos de todo o Brasil.

Para Milton Guran, atualmente o olhar das pessoas está sendo reeducado pelos dispositivos tecnológicos de produção de imagens. “Hoje praticamente todo mundo fotografa, e fotografa mais do que vê. Ninguém poderia imaginar, dez anos atrás, que a produção de imagens adquirisse tamanha universalidade. Apenas na virada do ano de 2013 para 2014 foram postadas nas redes sociais 1 bilhão e 300 milhões de imagens”, ressalta.

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