A Expo Tattoo Pernambuco 2016, neste fim de semana, no Centro de Convenções, em Olinda, traz à tona um questionamento sobre uma das formas mais antigas de adornar o corpo: ao se falar de tatuagem, pode-se usar a palavra moda no sentido de algo que se torna uma tendência que, na próxima estação é substituída por outra? Afinal, trata-se de algo que, em tese, vai acompanhar a pessoa por toda vida. Especialistas no assunto são categóricos ao responder 'Não' a essa pergunta. O que muda é o domínio de certos estilos por mais profissionais, o que aumenta a demanda por um ou outro tipo de desenho.

O designer Rômulo Bravi, organizador da Expo Tatttoo explica que a predominância de certos desenhos numa determinada época é resultado direto do estilo que aqueles tatuadores aprendem. Nos anos 80 e 90, por exemplo, os desenhos tribais tomavam conta de braços pernas e costas. Hoje, quem está dando as cartas é a aquarela. "A aquarela está em evidência não por moda mas por ser uma técnica que alguns profissionais começaram a dominar, conseguindo passar aquilo que se vê no papel para a pele".

Rômulo diz que esse domínio é fruto de muito estudo, que vai desde a escolha da tonalidade das cores até à força que o tatuador imprime na hora de desenhar. E para acabar com qualquer ideia de que a moda rege os desenhos definitivos na pele avisa: "Um tatuador quando aprende um estilo não abandona o outro. Ele tem que passar por todos até chegar ali: old shcool, maori, tribal, letras..."

A teoria final do designer sobre o assunto é a particularidade que cada tatuagem carrega. "Quando você encontra um desenho, aquilo é só seu, ninguém na face da terra vai ter outro do mesmo jeito".

SIGNIFICADO

Essa tese da particularidade de uma tattoo também é compartilhada pelo tatuador Freddy Albuquerque. "A gente está falando em algo que tem um significado e por isso nunca sai de moda", pontua. Ele dá o exemplo dos desenhos orientais, que existem há séculos e continuam ganhando adeptos justamente pelo que significam.

Para ele, o entendimento do que representa o desenho tem feito justamente os estilos se misturarem e, principalmente se renovarem.

DELIVERY

O que está mudando é o atendimento. As trocas de ideias com amigos profissionais de fora do Brasil fizeram com que Fred dividisse o serviço entre o estúdio e o atendimento em domicílio. Esse 'delivery' de tatuagem, segundo ele, está rendendo bons frutos. Funciona da seguinte maneira: via whatsapp ele conversa com o cliente, recebe os desenhos, dá o retorno com suas ideias até se chegar a um denominador comum. "Ele manda o desenho e eu trabalho em cima. Até na hora podemos fazer alguns ajustes", diz.

Passada essa fase, é marcado o dia e ele vai à casa do cliente com o mesmo aparato do estúdio. "Levo todo o equipamento, inclusive a assepsia é a mesma. Facilita porque o cliente tem mais conforto". Fora que pode ser feita em qualquer dia da semana, até mesmo aos domingos. O custo desse conforto, segundo ele, não varia em relação ao tradicional local. A não ser que a distância seja muito grande. "Se eu estiver em Olinda e o cliente em Barra de Jangada, por exemplo, cobro um acréscimo de R$ 20".