Luto

Aos 71 anos, morre Elke Maravilha

Gustavo Belarmino
Gustavo Belarmino
Publicado em 16/08/2016 às 1:50 | Atualizado em 13/08/2020 às 14:19
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Atriz morreu no Rio de Janeiro após complicações pós-operatórias. / Foto: Reprodução/Internet

Atriz morreu no Rio de Janeiro após complicações pós-operatórias. Foto: Reprodução/Internet

Foi ainda nas primeiras horas desta terça-feira (16) que a atriz Elke Maravilha morreu, após complicações pós-operatórias e coma induzido. Aos 71 anos, a artista estava internada desde o último dia 20 na Casa de Saúde Pinheiro Machado, que fica nas Laranjeiras, Zona Sul do Rio de Janeiro, onde foi submetida a uma cirurgia para tratar uma úlcera. O laudo médico ainda não foi liberado, mas, segundo o irmão de Elke, Frederico Grunnupp, ela faleceu após sofrer falência múltipla dos órgãos.

"Ela teve complicações após a operação e também tinha diabetes. Ela não estava mais respondendo aos remédios", afirmou o irmão à reportagem do UOL. No Facebook oficial da atriz, uma mensagem foi publicada aos fãs e seguidores.

Nascida Elke Georgievna Grunnupp, na cidade de Leningrado, atualmente São Petersburgo, na Rússia, em 22 de fevereiro de 1945, Elke veio para o Brasil com seis anos de idade depois de seus pais terem sidos perseguidos durante o governo de Josef Stalin. Viveu com a família na cidade de Itabira, no interior de Minas Gerais, durante toda a sua infância.

Na adolescência, mudou-se para um sítio em Jaguaraçu, outra cidade do interior mineiro. Aprendeu cedo a falar nove idiomas: russo, português, alemão, italiano, espanhol, francês, inglês, grego e latim. Aprendeu os idiomas de origem germânica em casa, e os outros através de cursos, que seus pais pagaram com dificuldade. 

Com o objetivo de conseguir sua independência, mudou-se sozinha para o Rio de Janeiro aos 20 anos. Para pagar as despesas, trabalhou como bancária, secretária trilíngue e bibliotecária. Seu gosto por idiomas a fez cursar Letras, formando-se professora, tradutora e intérprete de línguas estrangeiras. Foi também a mais jovem professora de francês da Aliança Francesa e de inglês na União Cultural Brasil – Estados Unidos.

Durante a ditadura militar, acabou sendo presa após gritar e rasgar cartazes com a imagem de Stuart Angel Jones, filho de sua amiga Zuzu Angel, morto depois de ter sido torturado pelo militares. O caso aconteceu em 1971 no Aeroporto Santos Dumont, na capital fluminense, e depois disso, Elke foi enquadrada na Lei de Segurança Nacional, o que a deixou apátrida. Só foi solta depois de seis dias após a intervenção de amigos da classe artística. Anos depois, requisitou a cidadania alemã, a única que possuiu até o fim da vida.

“Eu quero é conviver! A grande arte não é viver, é conviver!”

Conheça a trajetória artística de Elke Maravilha: passarela, TV, Teatro e cinema

Considerada precursora de um estilo estético ousado e único, Elke Maravilha misturou exotismo, misticismo, alegria e loucura. Na década de 60, despontou como símbolo de transgressão e liberação. Começou a carreira de modelo aos 24 anos, tendo trabalhado para grandes estilistas e considerada como inovadora nas passarelas.

“Aos poucos fui me impondo, mesmo como manequim. No início, fazia um pouco o jogo, porque também sei ser chique: fazer um cabelo convencional, uma maquiagem leve, etc. Mas aquilo, para mim, era fantasiar-me. Eu não sou aquilo! E o legal é que os próprios costureiros começaram a entrar no meu barato, entender o meu estilo e proposta estética e fazer roupas especiais para eu desfilar", disse, em seu site oficial.

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Na TV, estreou como jurada no programa “Cassino do Chacrinha”, em 1972. “Um dia tocou o telefone com alguém me convidando para ir ao programa do Chacrinha. Eu não conhecia porque não via televisão, mas aceitei. Então perguntei a um amigo sobre como era o tal programa e ele me disse que era um programa de auditório que tinha um apresentador que tocava uma buzina o tempo todo. Achei legal, comprei uma buzina e entrei lá buzinando; o Painho se encantou comigo e eu com ele. Foi assim que começou!”, afirmou Elke ao seu site.

Além do programa do Velho Guerreiro, a artista participou como jurada no “Show de Calouros”, de Silvio Santos, além de ter comandado programas próprios, como “Elke”, no SBT.

Na dramaturgia, Maravilha desenvolveu diversos papéis em filmes e novelas. Destaque para “A Volta de Beto Rockfeller”, na TV Tupi; O filme “Barão Otelo no Barato dos Bilhões”, com Grande Otelo; “Quando o Carnaval Chegar” e “Xica da Silva”, de Cacá Diegues; “Pixote”, de Hector Babenco. Elke também estrelou peças que retratavam histórias de sua vida, como “Elke – do Sagrado ao Profano” e “Elke Canta e Conta”.

“Perguntam-me como criei este estilo, este visual que me caracteriza. Digo que sempre busquei compor este jeito, claro que não era assim como agora, pois hoje a coisa é mais abrangente, com o tempo venho me descobrindo muito mais por dentro e colocando o que descubro para fora. Costumo dizer que sempre fui assim, só que com o tempo estou piorando! Na realidade, sempre fui um trem meio diferente, sabe? Ainda adolescente resolvi rasgar a roupa, desgrenhei o cabelo, exagerei na maquiagem e saí na rua... Levei até cuspida na cara. Mas foi bom porque entendi aquela situação como se estivessem colocando-me em teste. Talvez, se meu estilo não fosse verdadeiramente minha realidade interior, eu teria voltado atrás. Mas sabia que nunca iria recuar. Eu nunca quis agredir ninguém! O que eu quero é brincar, me mostrar, me comunicar”.

O local e a data do velório de Elke ainda não foram divulgados pela família.

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