Produção

Descubra mitos e verdades da série Vikings

Giovanna Torreão
Giovanna Torreão
Publicado em 28/03/2017 às 15:00 | Atualizado em 17/08/2020 às 18:33
Leitura:
Série vikings conta história de Ragnar Lothbrok / Foto: Vikings / Divulgação

Série vikings conta história de Ragnar Lothbrok Foto: Vikings / Divulgação

Inspiração para inúmeras produções culturais, os vikings exploraram áreas da Europa e do Atlântico Norte entre os séculos VIII e XI. Seus personagens sobreviveram centenas de anos através de poemas e narrativas, chegando aos dias atuais. Mas, nem tudo que aparecem nas séries e filmes é totalmente real. Para relembrar os 1.172 anos da invasão destes guerreiros à Paris, completos nesta nesta terça-feira (28), o professor Johnni Langer, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e integrante do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos (NEVE), revela mitos e verdades da série Vikings, da History Channel. A atração, que foi renovada para a quinta temporada, é exibida no Brasil pelo canal fechado NatGeo e está disponível na Netflix.

  • Ragnar Lothbrok

Ragnarr Loðbrók, cujo sobrenome significa calças peludas, é uma figura semi-legendária. "É muito mais uma construção literária e mítica em torno de algumas figuras realmente históricas, talvez mais de uma pessoa, que a literatura preservou e serviu como modelo para os vikings em geral", explica o professor Johnni Langer, destacando que o mesmo acontece com os conhecidos rei Artur e Robin Hood.

  •  A pedra solar

Na série, Ragnar utiliza uma pedra solar para conseguir navegar e conquistar terras distantes e, segundo Langer, estas são mencionadas em sagas islandesas. " O uso da pedra solar na época foi comprovada pela arqueologia e as recentes reconstituições no mar também atestaram esses antigos usos. Além disso, também foram encontrados vestígios de bússolas solares utilizadas pelos nórdicos, na Groelândia e Báltico", conta o professor.

  •  Lagertha

Lagherta é uma figura literária, sendo assim, não existem comprovações históricas de que tenha existido realmente, de acordo com o docente. "Na obra de Saxo Gramaticus, ela teve três filhos com Ragnar, um filho e duas filhas", destaca Langer.

  •  Bjorn Lothbrok

Na série escrita por Michael Hirst, Bjorn Lothbrok é filho de Ragnar. Na literatura, no entanto, o professor garante que o filho dos dois é denominado de Fridleif.

  •  Rollo

Voraz combatente, Rollo é retratado na série como irmão de Ragnar, mas, na literatura, ele não era irmão do líder viking e se casou com Poppa de Bayeux, não com Gisla da França, diz o professor Johnni Langer.

  •  Floki

Excêntrico construtor de barcos e amigo de Ragnar, Floki foi o responsável pelas embarcações que levaram Ragnar ao oeste europeu, de acordo com a série. Entrentanto, "ele é um personagem inventado para a série, apesar do nome ser comum em sagas islandesas", lembra o docente da UFPB.

  •  O vidente de Kattegat

Na realidade, existiam videntes e feiticeiros entre os nórdicos da Era Viking, mas na série essa figura é muito estereotipada, macabra e fantasiosa, explica o professor Johnni Langer.

  •  Armas

"O uso de balestras (bestas) na série é totalmente equivocado, pois os nórdicos da Era Viking utilizavam somente flechas e arcos, além de espadas, escudos, lanças. O uso desta arma na Escandinávia foi conhecido somente a partir do século XIII, bem depois da Era Viking", explica o integrante do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos (NEVE).

  •  Esteriótipos

"Apesar da série não apresentar o tradicional elmo com chifres, uma fantasia associada aos vikings, ela cita o uso de crânios dos inimigos como taça/copo para bebidas, o que é também uma fantasia estereotipada", diz o professor.

Acontecimentos mesclados no Cerco de Paris da TV

O cerco à Paris aparece na série Vikings, produzida pelo History Channel, durante a terceira e quarta temporada, mas, segundo o professor Johnni Langer, os acontecimentos retratados no seriado estão fora de ordem e mesclam os relatos das três expedições vikings à Paris. "Além disso, são cometidos alguns erros históricos, como o fato do Conde Odo ser assassinado, o que, na realidade, só se tornou rei após a morte de Carlos, o Gordo", explica o docente. Além disso, o professor aponta que a produção retrata o rei da Frância, como sendo Carlos, o Simples, quando deveria ser Carlos, o Gordo. Por fim, na série, Rollo participou dessas expedições e, após a primeira, aceitou se aliar aos francos, tornando-se Duque da Normandia. "Historicamente, isso só ocorreu em 911 e por outros motivos", finaliza o especialista.

Mais lidas