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Fuja para Jericoacoara neste 2017 cheio de feriadões; veja roteiro

Amanda Miranda
Amanda Miranda
Publicado em 13/12/2016 às 20:45
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Jericoacoara foi eleita melhor destino da América do Sul para 2017 / Fotos: Amanda Miranda/NE10

Jericoacoara foi eleita melhor destino da América do Sul para 2017 Fotos: Amanda Miranda/NE10

Areia nos pés, mar de água quente e muito azul, céu lindo. Tranquilidade. Essas foram as marcas de Jericoacoara, um paraíso no Ceará, para mim. Mas também tem comida boa, litrão de caipirinha (!). Pôr do sol incrível. Gente feliz. O melhor de tudo é que, ao contrário do que muitos pensam e da distância até da capital Fortaleza, dá para conhecer esse lugar tão especial em um dos vários feriadões de 2017, ano que tem Jeri como melhor destino da América do Sul, segundo o site de viagens TripAdvisor. O NE10 fez um roteiro para te ajudar a aproveitar uma dessas datas. Anota aí!

Dia 1

A dica é se programar bem e começar a viagem pelo menos na noite anterior ao feriadão. A primeira etapa é até Fortaleza, de onde há duas opções para seguir até o nosso destino final: uma é conseguir um carro tipo 4x4 que vai direto até Jeri, geralmente em quatro horas e custando R$ 1 mil para quatro pessoas ou R$ 250 por passageiro para os que fecham pacotes individuais; ou de ônibus, um trajeto que custa R$ 160, sendo metade desse valor por trecho, e leva cerca de sete horas.

Escolhi o ônibus por ter ido com o orçamento apertado e já ter pago muito mais do que o previsto nas passagens entre Recife e Fortaleza - moral da história: jamais esquecer o hábito de pesquisar os preços com antecedência em sites como o Google Flights e o Skyscanner ou diretamente com as companhias que, no caso, são Gol, Latam e Azul.


De Jijoca até Jericoacoara, só de veículos 4x4 ou na jardineira, como é conhecido esse veículo que aparece na foto

Há estandes da Fretcar, empresa que faz o trajeto Fortaleza-Jericoacoara, no aeroporto, na rodoviária e na beira-mar. Do aeroporto, de onde peguei o meu, saem por volta das 7h, das 14h e das 18h, com três paradas até Jijoca de Jericoacoara. Nem todos os tipos de veículos vão da cidade até a vila de Jericoacoara, a área mais turística, para onde parti em uma jardineira por mais uma hora. Veja no vídeo como foi parte do trajeto:

Em Jeri há hostels, pousadas, hotéis, campings e hospedagens para todos os gostos e preços. O ideal é que sejam em uma das quatro ruas: Principal, São Francisco, do Forró e da Igreja. Como tudo é feito caminhando pela areia, a sugestão é de não levar mala de rodinhas, e sim mochila; nela, só roupas leves e sandálias.

Dia 2

O primeiro dia pode ser para conhecer a Lagoa do Paraíso, o lugar onde os instagrammers geralmente tiram aquelas fotos nas redes dentro da água. Spoiler: não é tão fácil conseguir uma pose daquelas, então as chances de transformar o momento em um meme ‘expectativa x realidade’ de você são bem altas. Mas pelo menos as tentativas garantem boas risadas. 

Mesmo assim, a lagoa é um passeio que vale muito desde o caminho, pelas dunas. Muita gente vai de buggy e já negocia outras atrações do lado leste no mesmo dia: além da Paraíso, a Árvore da Preguiça e a Praia do Preá.

Amanda Miranda/NE10
Esta é a chegada a Mangue Seco - Amanda Miranda/NE10
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Antes de ir a Mangue Seco, é preciso pegar uma balsa - Amanda Miranda/NE10
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As balsas são rústicas como tudo em Jeri - Amanda Miranda/NE10
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Lagoa do Paraíso tem faixa de areia onde dá para relaxar - Amanda Miranda/NE10
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Duna do Pôr-do-sol tem espetáculo diário - Amanda Miranda/NE10
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Além de buggy, é possível chegar à Lagoa do Paraíso em veículos 4x4 - Amanda Miranda/NE10
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Lojas e restaurantes em Jeri têm decoração pensada nos mínimos detalhes - Amanda Miranda/NE10
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Subir as dunas não é tão fácil, mas vale a pena o esforço - Amanda Miranda/NE10
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Praia principal de Jeri também é tranquila - Amanda Miranda/NE10
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No fim da tarde, todo mundo começa a ir à Duna do Pôr-do-sol - Amanda Miranda/NE10
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Assim é a saída da vila de Jeri para as dunas que levam à Lagoa do Paraíso - Amanda Miranda/NE10
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Ruas de Jeri são de areia fofa, como a praia - Amanda Miranda/NE10
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Passeio para a Pedra Furada pode ser feito em buggy ou charrete, mas vale ir caminhando pela beleza da trilha - Amanda Miranda/NE10
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Há quem prefira ir à Pedra Furada no fim da tarde, mas a vista é bonita a qualquer hora - Amanda Miranda/NE10
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Em meio aos cactos na trilha que leva à Pedra Furada, surge o mar azul - Amanda Miranda/NE10

A pechincha é o segredo do sucesso com os bugueiros em Jeri, então vale sempre pedir desconto e tentar combinar com outros turistas para ir junto no passeio, respeitando a lotação de quatro pessoas para não ficar perigoso passar pelas dunas. Os carros ficam parados na pracinha e o preço começa em R$ 250.

Já falei do meu orçamento apertado, não é? Se você for como eu, pode ir de 4x4, por R$ 15 o trecho. O passageiro pode ir dentro do veículo ou nos bancos colocados na caçamba, já aproveitando as dunas. Apesar de dezembro não ter os melhores ventos, segundo moradores locais, já dá para ver o movimento da areia para formar as dunas.


É essa a vista que o turista tem da caçamba da 4x4 que leva até a Lagoa do Paraíso

A entrada na Lagoa do Paraíso é pelo Alchymist Beach Club. Eles alugam lockers ao lado das mesas por R$ 10, que podem ser compartilhados pelo seu grupo. No cardápio há opções de frutos do mar, frango e carne por cerca de R$ 100 os pratos para duas pessoas. Os drinks são cerca de R$ 20 e as cervejas mais populares custam R$ 14. Quem preferir preços menores pode andar para outros lugares à margem da lagoa, mas a preguiça e o coquetel de abacaxi com leite condensado me fizeram ficar por lá mesmo. Não é preciso pagar para ficar nas mesas ou nas redes e nos bancos na água, mas para as espreguiçadeiras e os bangalôs, sim - e os valores não são baixos!


A Lagoa do Paraíso tem uma longa faixa de areia, onde qualque um pode estender a canga e relaxar

No meu roteiro para o mesmo dia estava a Lagoa Azul, mas ela está seca devido à estiagem. De qualquer forma, os jangadeiros que levariam para lá ficam na do Paraíso oferecendo passeios. Há também stand-up paddle e massagem.

Na volta, vale comer algum prato executivo no entorno da Rua Principal, por aproximadamente R$ 15, e já caminhar para a Duna do Pôr do Sol. Como chegar lá? Desce a Rua Principal até a praia de Jeri e vai pelo lado esquerdo. É só caminhar mais ou menos cinco minutos, subir a duna e esperar. Dica de amiga: levar uma canga para enrolar no rosto porque há muita areia.

E foi assim:


É só conseguir um lugar na duna e esperar o dia acabar de um jeito que só acontece em Jeri

Depois, descansar, porque à noite tem mais. O esquenta é nas barracas de caipirinha no fim da Rua Principal, já próximo à praia. Todas vão dos drinks mais comuns como o Sex on the beach e as suas variações, incluindo o Sex on the duna, até os mais diferentes como o Brad Pitt. Os preços variam de R$ 10 a R$ 15 para copos de 400 ml, dependendo da escolha entre cachaça e vodca. Nos bares, como o mais badalado Samba Rock, também tem o pré até meia-noite, horário em que as festas começam a ficar mais agitadas. O Johnlemmon, em frente, serve uma caipirinha de 900 ml por R$ 19,90.

Cada dia tem uma atração noturna diferente, é só pedir dicas aos moradores. Na sexta, por exemplo, tem o samba na pousada Solar da Malhada e, no sábado, o forró no restaurante da Dona Amélia.

Dia 3

Este é o momento de conhecer o lado oeste: Mangue Seco e Tatajuba. Desta vez o melhor é ir de buggy mesmo e o passeio começa às 9h, indo da vila até uma área de mangue, para a qual é necessário atravessar de balsa.

A primeira parada é para quem quiser seguir de canoa por cerca de cinco minutos até um local onde os pescadores capturam um cavalo marinho em um vidro para mostrar aos turistas, uma atração controversa, já que é alvo de críticas de algumas pessoas, enquanto os moradores defendem que isso não afeta o animal, devolvido à natureza em seguida. Custa R$ 10 e é quase automático descer o buggy e entrar na canoa.

De lá, vamos para Mangue Seco, um lugar de nome autoexplicativo, tirar fotos e tomar água de côco - se comprar três, saem por R$ 10. 


Dois buggies são transportados por vez nas balsas

É aí que começa o trecho em que o bugueiro faz a clássica pergunta: “com ou sem emoção?”. Dependendo da resposta, é melhor se segurar!

Depois vem o ‘skibunda’, opcional e custando R$ 10. A água que ficava embaixo da duna secou, da mesma forma que a Lagoa Azul, por causa da estiagem, mas todo mundo pode descer e subir quantas vezes quiser pelo mesmo preço.

Preferimos não ficar e fomos direto para a Lagoa Tatajuba, que tem restaurantes com mesas dentro da água e as famosas redes para mais uma tentativa de tirar fotos. Lá é o lugar ideal para tomar banho e relaxar.

A volta é pela vila da Velha Tatajuba, soterrada pela areia há 30 anos. Quem conta essa história é Dona Delmira, 59 anos vividos vividos lá. Há 22, relata aos visitantes da sua janela na parede erguida em taipa: durante oito anos a areia invadia primeiro o telhado das casas e depois as próprias construções. Durante a noite, os moradores dormiam; de dia, retiravam a areia.


Dona Delmira fica na janela contando a história da Velha Tatajuba, onde nasceu e cresceu

Alguns moradores fundaram a Nova Tatajuba, enquanto outros migraram para municípios como o vizinho Camocim.

Dona Delmira também fala sobre a Duna Encantada, formada sobre um navio naufragado, em que acontecem festas mágicas e aparecem luzes enquanto ela olha de longe, mas é só chegar perto que o movimento para. “A história é longa e ficaria dias aqui contando”, ela diz, mas pode perguntar. Para tirar fotos, retoca o batom vermelho.

No retorno, o mesmo caminho pela praia ganha novas cores e, da balsa, podem ser vistos os kite surfers que estão em vários pontos de Jeri.

Fomos em um grupo de oito pessoas que se conheceram lá na vila mesmo no dia anterior - aqueles novos amigos de viagens que dão todo o tom ao passeio! <3 - e conseguimos cada um dos veículos por R$ 210, mas geralmente são oferecidos por R$ 300.


Na volta o buggy chega a passar pela água

À noite, uma dica para o jantar é no restaurante Na casa dela, onde cada detalhe é feito com carinho, desde os lustres até a louça. Na conta, um “obrigada” e uma flor desenhada mostrando a gentileza do lugar, que é também a de Jeri. Por todas as ruas, a qualquer horário, moradores e turistas trocam “bom dias”, cumprimentos, sorrisos. Quando você se perde, a ajuda vem antes de você pedir. Tem como não amar?

Dia 4

No último dia decidimos fazer pela manhã o que muita gente faz no fim da tarde para ver o pôr do sol, mas não nos arrependemos: fomos à Pedra Furada. Confesso que imaginava que andaria muito só para ver uma pedra - uma turista nada romântica -, mas me surpreendi positivamente. Apesar de essa atração ser oferecida como parte de passeios de buggy ou de charrete, vale a pena caminhar dois quilômetros indo e mais dois voltando, porque na trilha aparecem as melhores paisagens - além de o ‘expresso canelinha, como se diz aqui no Recife, ser grátis! O mar azul surge abaixo do monte de areia e da vegetação de cactos. É indescritível.


Um trecho da trilha para a Pedra Furada

O almoço na volta pode ser no Lagosteiro, na Rua do Forró, que estava em promoção e tinha um polvo no ponto por R$ 49 o prato para duas pessoas, servindo até três.

Da mesma forma que em outras áreas da vila, o restaurante aceita várias bandeiras de cartão de débito e crédito. Mas é importante lembrar de levar uma boa quantia em dinheiro, já que lá não há caixas eletrônicos e alguns mercados cobram taxas de até 15% para fazer um “câmbio” em que você passar um certo valor no cartão e recebe em dinheiro.

O dia continuou com um último banho de mar na água especialmente salgada da praia principal. Uma ótima despedida - ou até logo! - desse lugar que merece, sim, o título de um dos melhores destinos da América do Sul.

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