Polêmica

No caso de Conchita, o que mais importa? Arte ou gênero?

NE10
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Publicado em 11/05/2014 às 20:27
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Travesti, transexual, transformista, drag queen ou obra de arte? A classificação da personagem criada pelo artista austríaco Tom Neuwirth está longe de chegar a um consenso. A cantora barbada Conchita Wurst, o ater ego de Tom, ganhou o concurso de música Eurovision nesse sábado (10) e levantou uma série de discussões a respeito de sexo, sexualidade e gênero.

No dicionário Aurélio, o termo travesti é definido como 'disfarce no trajar'. Em entrevista ao G1, no ano passado, o artista disse que não era travesti nem transexual, mas uma obra de arte. 'Sou uma mulher no trabalho, mas um homem no tempo livre, e amo isso', declarou, sobre a quebra de estereótipos.

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Para o coordenador de projetos do instituto Papai, Thiago Rocha, o problema da sociedade é justamente tentar separar em caixinhas o que é homem e o que é mulher. Ele acredita que, no caso de Conchita, como alter ego, a intenção é fugir da definição e mostrar isso para a sociedade como uma lição.

'Gênero, sexo e sexualidade são coisas complexas. É cultural a classificação por gêneros, mas essa discussão é muito mais profunda', disse a doutora em antropologia social Paula Sandrine, por telefone, ao NE10.


Laerte não se considera nem homem e nem mulher
Foto: Internet

A empresária Maria do Céu, que trabalha há 20 anos com o público LGBT, acredita que o que mais chamou atenção para o caso de Conchita foi o fato dela usar barba. Ainda no incício da carreira, há 17 anos, Maria lembra de uma cena que ficou na memória. 'Quando eu vi dois homens barbudos no balcão da boate [Doctor Froid] se beijando eu parei para olhar. Naquela época aquela cena me chamou atenção. Hoje impacta uma figura com traços femininos de barba', comentou.

Além de Conchita, existem outros exemplos conhecidos de pessoas que não gostam de ser definidas como de acordo como vestem ou se portam. É o caso do cartunista Laerte e do estudante Tereza Brant (foto abaixo). Supercelebridade nas redes sociais, a jovem mineira  procurou um endocrinologista para acentuar as características masculinas.

http://blogs.ne10.uol.com.br/social1/files/2014/05/tereza_bra.jpg
(Foto: acervo pessoal/Instagram) 

MÚSICA - Em 2013 o cantor belga Stromae chamou atenção no clipe Tous les Mêmes e também brincou com a dualidade nos gêneros, encarnado um 'homem machão' e uma 'diva'. Na letra, Stromae critica como as relações amorosas são impostas, nas quais 'homens são eternos cafajestes' e 'mulheres são o sexo frágil'. Stromae se classifica como hétero.

 

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