À noite, a cidade de Puebla revela a fachada das igrejas que, durante o dia, encantam pela riqueza em seu interior Fotos: Gustavo Belarmino
Puebla, a 130 quilômetros da Cidade do México, está nas cercanias dos sete “povos mágicos” do Estado de mesmo nome, assim considerados por reunir costumes, gastronomia, arquitetura e festividades religiosas suficientes para receber o título. Embora não tenha a chancela oficial do governo federal, não existe definição melhor que magia para traduzir a capital colonial de 3,5 milhões de habitantes que, mesmo com essa densidade populacional, ainda guarda ares de cidade do interior, cordialidade e tradições que se perpetuaram pelos séculos.
Riqueza do barroco no interior das igrejas: lenda diz que cordões de ouro desenharam a cidadeFoto: Gustavo Belarmino
Cercada por quatro vulcões – um deles o Popocatepetl, atualmente em atividade –, Puebla foi fundada pelos espanhóis em 1531 e viveu importantes marcos não só para história do país, quanto para o próprio continente. Das muitas lendas que tentam explicar a sua origem, uma conta que o lugar nasceu de um sonho: anjos teriam descido com cordões de ouro e com eles feito o traçado da cidade, daí o nome “Puebla de los Angeles”. A crença talvez justifique a quantidade de ouro que adorna o interior das igrejas, com seus querubins, flores, frutas e centenas de símbolos que transformam Puebla em um importante destino do turismo religioso mundial, sendo conhecida como o “relicário das Américas”.
Considerada Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1987 devido ao seu conjunto arquitetônico colonial, possui 2.315 prédios tombados, que foram erguidos nos séculos 16 e 17. Percorrer as ruas do centro é mergulhar em um passado mais remoto que a própria conquista hispânica. Ali viveram civilizações antigas, que deixaram vestígios que nem a ciência conseguiu explicar: como a imensa base piramidal, na vizinha Cholula (esse, sim, oficialmente um povo mágico), que por séculos acreditou-se um morro e sobre o qual se construiu um santuário católico, dedicado a Nossa Senhora dos Remédios.
Outro dito local costuma repassar que a cidade conta com uma igreja para cada dia do ano. Não é bem assim, mas os 128 templos católicos poderiam vir com um alerta: visitar as igrejas pode deixar o turista com torcicolo. São tantas e tão trabalhadas edificações – repletas de talavera, um tipo de cerâmica muito difundida localmente – que difícil mesmo é conseguir capturar todos os detalhes.
Seguindo pela Avenida Juarez, com esculturas e palmeiras que nos fazem esquecer que estamos a 2.162 metros de altura e a quatro horas e meia de Vera Cruz, a praia mais próxima, chegamos até a Rua 5 de Mayo. A rua de pedrinhas, por onde passa diariamente um milhão de pessoas, abriga a Igreja de Santo Domingo (1659), onde foi celebrada, pelo frei Turíbio Predez de Benavente, a primeira missa do País.
Ao seguir até a nave central, prepare-se para deslumbrar-se com o imenso altar todo entalhado em madeira, gesso e ouro, com anjos e santos que se sucedem até o teto. À esquerda, vê-se a capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário, destaque à parte dentro da estrutura. Decorada com o exagerado barroco churrigueresco, trabalho que demorou 60 anos para ser concluído, o templo surpreende. “Aqui, tudo que brilha, é ouro”, garante com orgulho o guia Alfredo Torres, advogado por formação, católico por fé, e poblano por convicção.
Entre as curiosidades da igreja, conta Alfredo, estão as figuras de cachorros espalhadas pelas pinturas e esculturas no interior do templo. Estão ali por representar a fidelidade dos animais aos homens e consequentemente do homem a Deus. Das imagens ainda conseguimos perceber figuras de sereias incrustadas nas colunas (a santa é padroeira dos navegantes) e querubins em alto relevo nos azulejos que datam de 200 anos, representando cada mistério do Rosário.
As frutas com pimenta estão por todo lugarFoto: Gustavo Belarmino
Ao deixar a igreja, o cheiro de baunilha no ar conduz o turista até a Rua 6 Orientes, também conhecida como rua dos doces. Diversas lojinhas oferecem dos coloridíssimos pirulitos a cocadas e maçãs do amor – claro, temperadas com pimenta em pó, como manda o costume mexicano. Por lá, barrinhas com cereais também estão por toda parte, a mais emblemática é a Alegria, feita com amaranto, primo da quinoa e considerado um superalimento. Leva mel e outros grãos, como amendoim e até semente de abóbora e são ótimas para levar como lembrancinhas.
Tabuleiros exibem ainda os Camotes de Puebla, doce de batata com açúcar e canela com sabores diferentes, e potinhos rústicos com doce de tamarindo, revelando apenas uma das facetas gastronômicas da cidade – que ostenta mais de 7 mil restaurantes. No passeio entre os doces você já estará habituado a ver nas lojinhas e paredes das casas coloniais um trabalho feito em cerâmica que lembra as porcelanas chinesas, chamado talavera.
Por lá, a técnica chegou em 1550, trazida pelos dominicanos, ganhou as cores do México e se estabeleceu como tradição poblana. Na mesma rua é possível visitar uma das oito fábricas artesanais de talavera. Na loja La Colonial, além de comprar peças como aparelhos de jantar, suportes e artigos de decoração, o turista pode ainda participar de uma aula que mostra como é a técnica que consiste em moldar, pintar manualmente e esmaltar o objeto, que ganha um brilho vitrificado e posteriormente um assinatura do artista, como um certificado de autenticidade. Cada peça pode levar até 20 dias para ficar pronta. O turista vai perceber que até as placas das ruas são feitas de talavera e, com o olhar mais treinado, as verá por toda a parte.
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